Paraciclos em São Paulo – agora é lei. Já o ônibus…

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Na última sexta-feira (10.jun), O prefeito José Serra promulgou a lei 13.995, que “dispõe sobre a criação de estacionamento de bicicletas” na cidade.

A lei obriga a criação de estacionamentos ou paraciclos em “locais de grande afluxo de público”, como órgãos públicos, parques, shoppings, supermercados, instituições de ensino, igrejas, hospitais, bancos, museus, cinemas, teatros e indústrias, entre outros.

Segundo o artigo 5, o Executivo tem 60 dias para regulamentar a lei (estabelecer punições e prazos para a implementação). Resta torcer para que esta não seja mais uma lei que não é cumprida, seja por falta de regulamentação adequada, seja por falta de fiscalização.

[íntegra da lei no disco virtual] ou no [Diário Oficial do Município], edição de 11.jun, na seção “decretos”

Por enquanto, você pode consultar e contribuir com a nossa seção Bem-vindo, ciclista, um guia de locais antenados com o meio de transporte do futuro.

Arrume um emprego para pagar o ônibus
Já o Diário Oficial desta quarta-feira traz a notícia de que Serra vetou um projeto que garantia gratuidade no transporte para quem está desempregado. Além de aprovado pela Câmara, o projeto fazia parte do acordo e da propaganda de apoio do candidato Paulinho (PDT) a Serra no segundo turno. (leia a reportagem da Folha de São Paulo)

Valdinho do fondue

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(clique para ampliar)

Valdinho tinha um pequeno restaurante na zona sul de São Paulo. Com a chegada do frio, resolveu montar um rodízio de fondue. Ouviu dizer que propaganda é a alma do negócio e resolveu espalhar algumas faixas pelo bairro para divulgar a novidade.

Valdinho procurou Serginho, um velho amigo que trabalhava na subprefeitura responsável pela região, com medo que suas faixas fossem arrancadas pela limpeza urbana. O amigo lhe falou que era proibido colocar faixas em postes, por causa da tal “poluição visual”.

Valdinho lembrou-se de Gerson (o do jeitinho) e evocou a velha amizade:
– Pô Serginho, sou eu, seu velho amigo…
– Olha Valdinho, tem uma opção: a Prefeitura tá fazendo campanha contra a dengue e nós temos uma graninha para fazer algumas faixas. Podemos anunciar o seu rodízio nessa campanha.
– Poxa, mas dengue não combina com fondue, sabe como é, pega mal, mosquito, queijo, carne… Não tem outra opção para o seu velho amigo aqui?
– Claro, meu irmão, vou ver o que posso fazer por você.
– Maravilha! E depois vem comer um fondue com a gente… Por conta da casa, claro.

Em mutação

O site tá de cara nova, graças a ajuda do amigo Bruno Favaretto, que deu um belo tapa estético e organizou a bagunça desse emaranhado de letras. A versão ainda não é definitiva, alguns pequenos ajustes seguem em desenvolvimento. Sugestões: apocalipsemotorizado(arroba)gmail.com

Por hoje fica o link para uma matéria do Estadão: Natureza levaria 100 mil anos para reverter aquecimento.

Lei 13.995 – estacionamentos para bicicletas

Lei Nº 13.995, De 10 De Junho De 2005
(Projeto de Lei nº 161/05, do Vereador Adolfo Quintas – PSDB)

Dispõe sobre a criação de estacionamento de bicicletas em locais abertos à freqüência de público e dá outras providências.

JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 11 de maio de 2005, decretou e eu promulgo a seguinte lei:

Art. 1º Fica estabelecida a obrigatoriedade de criação de estacionamentos para bicicletas em locais de grande afluxo de público, em todo Município de São Paulo.

Art. 2º Para fins desta lei entende-se como locais públicos de grande afluxo os seguinte estabelecimentos:

a) órgãos públicos municipais;
b) parques;
c) shopping centers;
d) supermercados;
e) instituições de ensinos públicos e privados;
f) agências bancárias;
g) igrejas e locais de cultos religiosos;
h) hospitais;
i) instalações desportivas;
j) museus e outros equipamentos de natureza culturais (teatro, cinemas, casas de cultura, etc.); e
k) indústrias.

Art. 3º A segurança dos ciclistas e dos pedestres deverá ser determinante para a definição do local na implantação do estacionamento de bicicletas.

Art. 4º Os estacionamentos de bicicletas poderão ser de dois tipos, a saber:

I – bicicletários – local destinado ao estacionamento de bicicletas, por período de longa duração, podendo ser público ou privado;
II – paraciclo – local em via pública, destinado ao estacionamento de bicicletas, por período de curta e média duração.

Art. 5º O Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias.

Art. 6º As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

Art. 7º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 10 de junho de 2005, 452º da fundação de São Paulo.
JOSÉ SERRA, PREFEITO
FREDERICO VICTOR MOREIRA BUSSINGER, Secretário Municipal de Transportes
WALTER MEYER FELDMAN, Secretário Municipal de Coordenação das Subprefeituras
FRANCISCO VIDAL LUNA, Secretário Municipal de Planejamento
Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 10 de junho de 2005.
ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO, Secretário do Governo Municipal

Vai de bike pra Daslu

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(foto: Olga Vlahou, revista Carta Capital)

No último sábado foi inaugurada a nova loja Dalsu, às margens do esgoto conhecido como Rio Pinheiros. A Daslu é um shopping de 20 mil metros quadrados com 120 grifes internacionais, feita especialmente para aquela parcela dos paulistanos que acredita viver no principado de Mônaco.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, 15 garçons que trabalharam na festa de inauguração teriam sido vítimas de intoxicação alimentar por causa da comida servida. Claro que não era a comida dos convidados, mas sim arroz, feijão, carne e farofa servidos para aquela porção dos paulistanos que habita Serra Leoa e trabalha como serviçal dos bem-nascidos.

Compre um helicóptero, seu pobretão
Na foto acima, Eliana Tranchesi, a dona do império. Ao fundo, o meio de transporte favorito de seus clientes. São Paulo tem a terceira maior frota de helicópteros do mundo (só perde para Tókio e Nova Iorque). Fina ironia para a terra que tem também um dos maiores índices de congestionamento do mundo e o menor índice de ocupação de veículos do país (1,2 pessoas por automóvel).

Se, no passado, o sonho de consumo dos ricos e emergentes era um automóvel importado, hoje o fetiche dos endinheirados é o helicóptero. Assim eles não precisam conviver com os problemas (e, principamente, com as pessoas) de uma cidade destruída, nem perder horas no trânsito caótico da metrópole. Pelo menos até algum paulistano de Serra Leoa enfiar o revolver na cabeça do grã-fino e gritar a célebre frase “é um assalto”.

Para os pobres que ainda insistem em andar de automóvel, a loja cobrará a bagatela de R$30,00 pela primeira hora de estacionamento. A Daslu desmentiu ainda o boato de que será proibido entrar a pé no estabelecimento. Vai para o céu o grã-fino que se aventurar pelas calçadas ao lado das águas fétidas e do mar de carros esfumaçantes e barulhentos da Marginal Pinheiros.

Cooperativa de bicicletas em São Paulo

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(foto: João Campos)

No último sábado (04.jun) aconteceu a primeira oficina de Cooperativa de Bicicletas de sampa. Reunidos no Parque do Ibirapuera, ciclistas consertaram e ajustaram seus veículos de forma colaborativa e gratuita.

A idéia da Cooperativa é criar um espaço coletivo e equipado com ferramentas para o aprendizado e exercício da mecânica de bicicletas. A troca livre de conhecimento e técnicas é ideal para um veículo cuja mecânica é bastante simples.

Veja o relato completo (com fotos) clicando aqui.

Para se cadastrar na lista de discussão, visite: http://lists.riseup.net/www/info/coopbike

Protestos contra aumento de ônibus em Florianópolis

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Em São Paulo, uma das primeiras atitudes do prefeito José Serra (PSDB) ao assumir o cargo foi aumentar a tarifa de ônibus. Meses antes, durante a campanha eleitoral, ele afirmou que não aumentaria e ainda realizaria a integração com tarifa única entre ônibus e metrô. Promessas perdidas no esquecimento eleitoral… Troféu Pinóquio pra ele.

A população paulistana saiu às ruas, mas as manifestações foram pequenas, atrapalharam pouco o trânsito e o tucano não voltou atrás.

Em Florianópolis (SC) a tarifa também foi reajustada em 30 de maio. O prefeito Dário Berger, tucano como Serra, fez o mesmo que o colega paulistano: botou a culpa na administração anterior e lavou as mãos.

Só que lá a população foi às ruas em massa. Desde a semana passada, milhares de pessoas têm ocupado as ruas para protestar contra a tarifa, que está entre as mais caras do Brasil. Como em toda grande manifestação popular, a polícia age com um rigor muito maior do que no combate ao crime. Bombas, prisões, ferimentos, policiais sem identificação, quebra-quebra e um grande “cala a boca” na reivindicação popular.

O Centro de Mídia Independente está fazendo uma bela cobertura das manifestações, com fotos vídeos e textos. Veja as notícias de 04.jun ou de 08.jun. Visite e informe-se!

São Pedro, diga 33



fotos: André Maleronka

Na última sexta-feira (03/06) a 33a Bicicletada deu um olé nas águas de Maio.

Começamos com 15 ciclistas na concentração. Até o fim da ciclopasseata outros 3 passantes não resistiram e se juntaram ao grupo.

Pedalamos pela segunda faixa da Av. Paulista (a primeira é para os ônibus), levando nossa mensagem e um pouco de alívio a uma região estressada da Babilônia.

Parada estratégica na esquina da Brigadeiro Luiz Antônio.

Para falar com os que vivem na ilusão estressante da velocidade, acelerando e freando na ânsia do congestionamento, sinais que eles compreendem.

Nos incontáveis sinais fechados, mais de 600 panfletos foram distribuídos.

Com sorrisos e placas, tiramos alguns motoristas da solidão e do tédio. Esperamos que eles se lembrem dessa sensação de liberdade ao encontrar um ciclista nas ruas.

Sinal fechado, festa na faixa!

Quando o sinal abriu, algum pobre impaciente arrancou agressivamente com seu automóvel e gritou qualquer palavrão. Atrapalhávamos em 10 segundos a sua ida até a o próximo ponto de congestionamento, 100 metros ali na frente.

O motorista chegou em casa cansado do trânsito, tomou um banho e ligou a televisão para esquecer o tédio da última hora e meia de sua vida. Nós seguimos a pedalada e fomos tomar um lanche para celebrar a vida, os novos e os velhos amigos, a bicicleta e a bela noite de outono.

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Beber, correr, matar e morrer

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(clique para ampliar)

Madrugada de sábado para domingo: máquinas velozes e furiosas cruzam a cidade. A velocidade atrapalha ainda mais os reflexos já entorpecidos e o resultado não poderia ser diferente.

Ônibus? Metrô? Só até a meia noite. Afinal, diversão é um luxo para quem tem carro ou muito dinheiro para gastar com uma corrida de taxi.

É hoje!

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