subdesenvolvido – parte 1

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A imagem acima é do bicicletário da Estação Central de Amsterdã, na Holanda. Ao contrário da mentalidade subdesenvolvida que reina nos governos destas paragens tropicais, por lá há muito tempo já descobriram que a bicicleta amplia a mobilidade, humaniza a cidade e democratiza o espaço (principalmente se usada em conjunto com o transporte coletivo). Basta um pouco mais de vontade e um pouco menos de factóides por parte daqueles que gerenciam as cidades.

Em São Paulo, o caminho é inverso: os corredores exclusivos de ônibus foram liberados para os taxis, planeja-se construir imensas garagens na região central e os calçadões foram fechados para as pessoas e abertos para as máquinas. Tudo para expulsar os camelôs e permitir que a classe média chegue até as portas dos centros culturais e de consumo em suas carruagens particulares movidas a petróleo.

Táxi, o rei da rua
No caso dos taxis a situação beira o ridículo. Quando a gestão anterior construiu os corredores exclusivos para ônibus, o sistema de transporte público melhorou significativamente. Agora a prefeitura liberou os corredores para os taxis que estiverem transportando passageiros (difícil é fiscalizar o interior dos carros com os vidros pretos). E agora vai gastar dinheiro públcio com a campanha “Use táxi no rodízio“. Tudo para que os carro-dependentes não precisem se misturar com o populacho dentro de um ônibus ou perder a celulite caminhando nas calçadas esburacadas e sujas nos dias de rodízio.

Triste crônica do subdesenvolvimento (porque, como poderia dizer Zé Simão, “em desenvolvimento” é tucanar a pobreza através do gerúndio). Por essas e por outras que o Secretário de Obras e subprefeito da Sé, Andera Matarazzo, foi escrachado com muita criatividade no último dia 29. Vale a pena dar uma olhada.

Bate-papo: transporte alternativo e mobilidade urbana

Peço desculpas pelo aviso em cima da hora, mas vai rolar amanhã (terça-feira, 01) um bate-papo sobre transporte alternativo e mobilidade urbana na USP (prédio da História). O encontro acontece às 17h30 e terá participação de integranets da Bicicletada, do Movimento Passe-Livre e da Coopbike (a cooperativa de bicicletas de São Paulo). Apareça!

Sociedade do Automóvel em apenas 64MB


arte: Gustavo Aguillar (Mastan)

Os colegas da Transporte Ativo disponibilizaram uma versão “light” do vídeo Sociedade do Automóvel. São apenas 63MB, em formato WMV (necessário windows media player). Se quiser assistir ao vídeo em streaming, clique aqui. Se preferir baixá-lo para o seu computador, clique com o botão da direita aqui e selecione “salvar destino como”.

No site do vídeo, você também pode baixar a versão em avi, com maior qualidade (arquivo de 245MB) ou então solicitar um DVD.

Bicicletada de outubro – adiada

Em virtude da chuva, a Bicicletada de hoje foi adiada para sexta-feira que vem.

Bicicletada de outubro – sexta (28)

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(arte: pedalero, sobre obra de Singer)

“1 veículo, 1 pessoa”: esse é o número que impera no trânsito paulistano. Cada motorista na sua cela móvel, ocupando cerca de 15 metros quadrados de espaço público, poluindo o ar, fazendo barulho e imobilizando a cidade.

Apenas 30% da população paulistana tem carro. A taxa de ocupação destes veículos é de 1,2 pessoas/automóvel. Boa parte dos deslocamentos feitos de carro poderiam ser feitos através do transporte público ou até das bicicletas, deixando as ruas livres para quem realmente precisa usar o carro e melhorando a vida de todos, inclusive de quem fica estressado no trânsito.

“1 veículo, 1 pessoa”: a bicicleta não polui o ar, não congestiona o trânsito e ainda humaniza a cidade. A bicicleta ocupa pelo menos 1/5 do espaço de um automóvel e provoca sensação de bem estar àqueles que a utilizam. A bicicleta é um veículo como outro qualquer e deve transitar com segurança e tranquilidade.

Por estas razões estaremos mais uma vez nas ruas na próxima sexta-feira (28), às 18h, com encontro marcado no finalzinho da Paulista (quase na Consolação). É a Bicicletada: sem carro, nas ruas! Pelo fim da imobilidade na cidade, pela convivência entre os seres humanos, pelo resgate do espaço público e pelos direitos de quem utiliza meio de transporte não-motorizado.

Veja o que aconteceu na última Bicicletada ou assista a um vídeo feito no Dia Mundial Sem Carro.

Aqui ja$ a vida

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Mais uma vez o dinheiro venceu o bom senso. Em nome dos interesses de comerciantes e especuladores do centro, os históricos calçadões começaram a ser fechados para os seres humanos não motorizados.

A foto acima é da rua 24 de maio, a primeira vítima. Abrir os calçadões para o fluxo de veículos foi a idéia mais estúpida desde a construção do Minhocão (a via expressa construída por Paulo Maluf, que jogou a pá de cal no centro na década de 70).

O argumento oficial é que a área central precisa ser “requalificada” e que o fluxo de veículos irá trazer a classe média de volta ao centro. É fato que boa parte da classe média paulistana não abandona seus carros e morre de medo de andar nas ruas (apesar de já terem sido assaltados diversas vezes dentro de seus automóveis). Também é fato que o comércio e a classe média são atores fundamentais em qualquer espaço urbano e não podem ser desprezados.

No entanto, existe uma boa parcela desta mesma classe média que estaria disposta a um passeio de metrô ou ônibus se estes meios de transporte fossem valorizados e estimulados pelo poder público. Outros optariam por bicicletas ou pelas próprias pernas. Alguns argumentam que os calçadões foram tomados pelos camelôs e que a idéia utópica de um espaço livre para o passeio foi por água abaixo com o caos provocado pelos ambulantes.

A estupidez consiste em tentar solucionar um problema urbano com a criação de outro. É fato que os camelôs se espalharam de forma desorganizada, criando um grande entrave ao “desenvolvimento” de diversas regiões.

Mesmo se deixarmos de lado as razões sociais e econômicas que levam ao comércio informal, a “solução” para o “problema urbanístico” dos camelôs não passa pela abertura de novas vias, mas sim pela erradicação da corrupção de fiscais e guardas municipais e pela organização do espaço público para atender aos iteresses da maioria.

No mundo inteiro acontece a criação áreas livres de carros. O automóvel particular como forma prioritária de transporte ocupa muito espaço e recursos da cidade, degrada o patrimônio, traz barulho e poluição e gera a situação de caos e imobilidade que é marca de São Paulo neste começo de século.

Vale lembrar ainda que apenas 30% da população paulistana possui automóvel. Ou seja, o fim dos calçadões é uma medida que atende os interesses da minoria absoluta da população. Também é mais uma atitude que reforça o caráter higienista desta administração: em vez de garantir segurança, informação e estrutura para estimular a classe média a utilizar o farto transporte público que abastece o centro, a prefeitura preferiu expulsar os pobres para que as carruagens blindadas circulem livremente pela região.

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O preço do trabalho no Brasil

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Recentemente o prefeito José Serra proibiu a colocação de cavaletes de propaganda nas esquinas. As peças publicitárias que indicavam aos motoristas a direção de apartamentos à venda atrapalhavam a circulação de pedestres e degradavam a cidade. Em um país onde o trabalho vale muito pouco e a dignidade menos ainda, as soluções comerciais beiram o absurdo e lembram os tempos de escravidão.

Kátia, 21 anos, desempregada, passa o domingo segurando uma placa. Das 9h às 17h30 a moradora de Itapecerica da Serra fica parada em uma esquina nobre da capital debaixo do sol. Meia hora de almoço e 30 reais no bolso ao final do dia. A refeição não está incluída no “salário”, mas seus benevolentes patrões fornecem um sanduiche e um suco para que ela mantenha a saúde no papel de “cavalete humano”.

O deslocamento até o local de trabalho também fica por conta de Kátia, que leva mais de 1h30 para voltar para casa, já que o transporte público é reduzido significativamente aos domingos. A jovem não reclama do trabalho, mas diz que preferia quando entregava panfletos de apartamentos nos semáforos: “era mais divertido, pelo menos eu via gente”.

Exercitando a cidadania

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Domingo, dia do referendo sobre o comércio de armas. Momento sublime da democracia, a votação é o momento em que o povo, após grande reflexão e uma profunda e séria discussão, demonstra sua opinião consciente sobre os rumos coletivos do país… Ou será que não?

Nos dias eleitorais, a cidade sem lei entra em vigor. Com o pretexto de evitar que alguém deixe de votar por “força maior”, o estacionamento é liberado em toda a cidade (incluindo pontos de ônibus, calçadas e faixas de pedestre). Até o Minhocão, tradicionalmente fechado aos domingos, estava aberto para facilitar a vida do eleitor motorizado.

Nas duas fotos, paulistanos no exercício pleno de sua cidadania, pensando profundamente sobre os rumos do país e no bem geral do coletivo… Ou será que não?

Cooperativa, show e vídeo

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A semana que passou foi meio complicada e o blog ficou meio devagar. De qualquer forma, no próximo sábado (22) tem coisa interessante acontecendo na lanchonete Viva Melhor (r. Dona Antonia de Queiroz, 40 – travessa da R. Augusta).

Às 12h acontece mais um encontro da Coopbike, uma cooperativa de bicicletas baseada nas Bike Churchs gringas. A idéia é trocar experiências sobre manutenção de bicicletas e botar a mão na massa, ou melhor, nas rodas, quadros e engrenagens. A Coopbike tem uma lista de discussão aberta aos interessados. Veja também o relato e as fotos do primeiro encontro.

No mesmo local, só que à partir das 18h, acontece um show com as bandas Agrotóxico, Deserdados e Grevisionários, além da exibição do vídeo Sociedade do Automóvel.

Transporte Ativo ganha prêmio ANTP/Abradibi

Para queimar a língua, ou melhor, a ponta dos dedos deste que escreve, o Salão Duas Rodas terá ao menos um momento dedicado ao transporte sustentável: a entrega do prêmio ANTP/Abradibi de incentivo ao uso de bicicletas.

Para nossa alegria, entre os vencedores está a ONG Transporte Ativo, com sede no Rio de Janeiro e ativistas em todo o país. Parabéns Zé Lobo, Christiano, Erika, João Guilherme, Dion, Léa e outros tantos bravos pedaleros espalhados pelo Brasil. A premiação será na próxima sexta (21), às 19h, no Salão Duas Rodas.