lembranças do mar azul


(foto: Daniel Mantovani)

Pouco mais de dez dias sem carros, celulares, computadores, televisão ou água quente. Alma lavada, baterias recarregadas e uma leve dúvida sobre quais seres humanos vivem na selva: os paulistanos ou a comunidade de Ponta Negra (praia na reserva da Joatinga, península entre Trindade e Parati).

Apocalipse na revista Carbusters – feliz ano novo

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(clique nas imagens para ampliá-las)

A última edição da revista Carbusters (número 25) trouxe uma cobertura do que rolou no Dia Mundial Sem Carro de 2005 em várias cidades do planeta. Além do relato paulistano, feito pelos colegas Nacho Durán e Mariana Rillo, quatro fotos das nossas atividades saíram em destaque na publicação (marcadas em vermelho).

Logo no índice, uma vaca da “cow parade” com máscara anti-poluição. Nas páginas internas, mais 3 fotos retiradas deste blog. O relato trouxe ainda os endereços eletrônicos da Bicicletada, do CicloBR e do :.apocalipse motorizado.

Veja aqui o nosso relato do Dia Sem Carro em São Paulo.

Abaixo, o texto que foi publicado na Carbusters:
“São Paulo, Brazil
There were two events. The ‘official’ event, co-organised with the City Council using the slogan ‘in town without my car!’ included a ‘carfree demonstration made up of two cars and two SUVs filled with media, one car, one SUV and two motorcycles from the municipal traffic office, and 21 bikers (of wich two were politicians, one was a bike-video reporter and four were policemen).

The ‘unofficial’ event was the classic ‘bicicletada’ (Critical Mass). Seve intrepid bikers (one joined later) occupied one lane and went at the same pace as the cars (10km/h) and talked to those stuck in traffic.

Since the famous ‘cow parade’ is in town, we placed masks on every cow in one street, Avenida Paulista, to protect them from the pollution.

This year, more than 60 cities in Brazil participated in World Carfree Day. More info can be found at www.apocalipsemotorizado.blogspot.com, www.bicicletada.org and www.ciclobr.com.br, and .”.

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Com esta grata surpresa, encerramos 2005 para uma boa temporada na praia, bem longe dos carros por alguns dias. O blog volta em janeiro.

Saudações especiais a todos que eu conheci neste ano, aos leitores, aos críticos e aos parceiros desta e de outras jornadas pela “convivência sustentável” nas cidades de nosso planeta.

39 bicicletada de São Paulo

Na última sexta-feira (23), dez intrépidos ciclistas aproveitaram o dia de sol e a noite quente deste comecinho de verão para lembrar que bicicleta, além de um bom presente, é um meio de transporte.

A 39a Bicicletada de São Paulo aconteceu em um dia anormal na cidade: véspera da véspera de natal; esperávamos trânsito pesado, mas a cidade passou a tarde na maior tranquilidade. Talvez as férias escolares, a proximidade com o fim de semana e abertura de parte do comércio (shoppings e megalojas) durante a madrugada de 23 para 24 tenham ajudado a dispersar o caos.

Testamos um “bici-carro” mais elaborado do que na última bicicletada.

Gente nova, velhos amigos, bexigas…

… adesivos.

Nosso papai noel não usava gorro e estava de mangas curtas debaixo dos 31 graus, mas as crianças adoraram os panfletos de presente.

Outro “bici-carro”.

Lugar de bici-carro é na rua, atrapalhando a passagem dos outros ciclistas.

Panfletos para pedestres…

… panfletos para motoristas.

Natal no banco I

Compartilhando a rua.

Coisas estranhas na faixa de ônibus.

Natal no banco II

Reveillon do banco I

Lá pelas 8 da noite, enfim, encontramos o trânsito. O motorista que ficou em São Paulo deu uma esticadinha depois do trabalho e enfrentou lentidão depois do bar.

Hora de panfletar.

Panfletos para motoristas…

…panfletos para pedestres.

Em janeiro tem mais. Cadastre-se na listas listas da Bicicletada e participe:
São Paulo: bicicletada-sp-subscribe@lists.riseup.net.
Brasil: ciclistasradicais-subscribe@lists.riseup.net

Sempre na última sexta-feira do mês, às 18h no finalzinho da paulista (quase esquina com a Consolação).

Uma vaga, um parque

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Park(ing) – intervenção urbana em São Francisco: novas formas de utilização do espaço público. (dica do colega André Maleronka)

39a Bicicletada de São Paulo – compre menos, pedale mais

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Compre menos,pedale mais.
Use transporte coletivo na sua rotina,
deixe o carro em casa sempre que possível
Seu presente?
Uma cidade mais agradável,
com menos poluição e menos barulho.
No lugar da solidão do trânsito, a convivência nas ruas.


39a Bicicletada de São Paulo
Sexta-feira (23)
concentração: 18h
no finalzinho da Paulista (quase na Consolação)

veja como foi a última edição da Bicicletada aqui

O transporte parou, mas a cidade não

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(foto: reuters)

Pela primeira vez em 25 anos os trabalhadores do sistema de transporte coletivo de Nova Iorque entraram em greve. Ônibus, metrôs e trens deixaram de funcionar no dia de hoje. A população usou bicicletas ou foi à pé até o trabalho, a imprensa deu amplo destaque às alternativas de locomoção pela cidade e a administração municipal tomou diversas medidas para minimizar o caos.

Quando comparamos o New York Times com qualquer jornalão paulistano durante greves tupiniquins, fica nítida a diferença: lá a imprensa cumpriu o seu papel de prestação de serviços, informando amplamente sobre alternativas de locomoção.

Também não dá pra comparar a atitude da prefeitura novaiorquina com o total desleixo das administrações brasileiras quando ocorre algo semelhante por aqui (afinal, o consenso nestas bandas é de que transporte público é coisa para pobres, portanto, cidadãos de segunda categoria).

Entre as medidas do prefeito Bloomberg, duas chamaram a atenção:

– apenas carros com mais de 4 pessoas estão autorizados a entrar na ilha de Manhattan
– um amplo sistema de compartilhamento de taxis foi colocado em prática, levando passageiros cujos destinos eram próximos.

Igualzinho ao Brasil, não?

Quando acaba a crise?

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Pouco tempo depois do ex-deputado Roberto Jefferson lançar o “escândalo do mensalão”, o ex-humorista Jô Soares pegou carona na onda e passou a discutir os rumos do país, mais especificamente “a crise política”.

Para acompanhar a produção de notícias, factóides e relatórios do expediente parlamentar, o ex-humorista escolheu a quarta-feira para o seu debate. Nos outros dias da semana ele continua sua rotina de “entrevistas”, geralmente dedicadas à auto-promoção e promoção dos interessados na cota de fama e de marketing na vitrine do Brasil (afinal, “a gente se vê por aqui”).

Será que Jô Soares, que se mostra escandalizado com a política, vai suspender suas longas férias de verão para discutir “a crise” entre o natal e o carnaval? Os parlamentares já decidiram: em troca de alguns milhares de reais a mais no salário, irão trabalhar no período de férias escolares. A presença não é obrigatória e as faltas não serão descontadas: vai quem quer aparecer na TV ou descolar alguns trocados para emendas e projetos.

Até o dia 16 de janeiro não haverá votação de projetos: apenas as CPIs, o Conselho de Ética e a Comi$$ão do Orçamento irão funcionar. Jô Soares deve sair de férias antes do apagar dos holofotes da crise. Como a memória é curta neste país, no ano que vem ele volta e nem precisa explicar porque parou de discutir política às quartas.

No mais, o ano de 2006 tá do jeito que Roberto Marinho e o Diabo gostam. No ano eleitoral, a Globo exibe logo em janeiro uma minissérie sobre Juscelino Kubitchek (aquele que condicionou o desenvolvimento do país à indústria automobilística estrangeira). Logo depois, é carnaval. Em seguida, o delírio patriótico da Copa do Mundo. A diferença na abordagem de assuntos tão diversos pela mídia é praticamente nula: tudo é marketing, tudo é hype, tudo é passageiro e efêmero, servindo apenas para vender, escandalizar ou manipular corações e mentes.

Sobre Copa do Mundo, fica um trecho da excelente entrevista Mino Carta à revista Caros Amigos deste mês: “Eu torço desesperadamente contra a seleção brasileira de futebol (…). Eu não entendo porque torcer a favor. Ela (…) faz muito mal ao povo brasileiro. (…) Essa gente deveria fazer é a revolução, mas não vão fazer nunca. Aliás, o Marx e até o Tocqueville diziam a mesma coisa: ‘Não espere que povos apáticos, os povos da miséria verdadeira e total façam a revolução. A revolução quem a faz são aqueles que percebem que lhes cabe um quinhão, um pedaço do latifúndio e estão dispostos a brigar por isso’.”.

Campeão

Engraçado o comportamento festivo do homo-automobilis paulistano. Em vez de comemorar em uma praça, junto com outros torcedores, ele prefere passear de carro, buzinando durante o percurso para que todos ao redor sejam obrigados a compartilhar de sua alegria.

Fechar a Paulista para a festa popular, não pode; é necessário deixar o caminho livre para que meia dúzia de veículos infernizem a vida de 15 mil moradores com o buzinaço constante em plena manhã de domingo. A lei diz que a buzina serve apenas para alertar perigo, mas em São Paulo ela substitui a voz do cidadão na hora de pedir licença, xingar, avisar que está chegando, despedir-se e até na hora de gritar “É campeão”.

Natal na rampa – sábado

natal_rampa

Sábado, dia 17/12/05
A partir das 15h
No túnel entre a Av. Paulista e a Av. Dr. Arnaldo
Traga sua arte, seu manifesto, sua presença
veja mais detalhes aqui.

Calçadas do Brasil

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(clique na imagem para ampliá-la)

O sono do morador de rua não foi perturbado com o ronco movido à diesel do carro-forte ao seu lado.

Os pedestres não deram atenção ao homem deitado, cena normal na metrópole.

Tão normal quanto um carro-forte em cima da calçada, expelindo fumaça nos rostos dos pedestres.