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Trata-se da série “convidando você a pensar o futuro”, comemoração dos 30 anos em solo nacional da Fiat (a fabrica que tornou-se a maior da Itália fabricando máquinas de guerra para Mussolini).
A agência de publicidade entrevistou 250 crianças e adolescentes sobre o automóvel do futuro. Entre os depoimentos utilizados, carros movidos água e que despoluem a cidade em vez de poluir.
Na maior cara de pau, a indústria que mais polui e mata (direta ou indiretamente) no mundo faz propaganda dizendo exatamente o oposto. O marqueteiro nazista sorri no túmulo ao lado de Henry Ford.
“Responsabilidade corporativa”? Nada disso: “Eles (as crianças e adolescentes) são os consumidores do futuro”, explica o publicitário da agência responsável pela campanha.
Utilizar crianças em comerciais já é algo repugnante. Fazer propaganda destinada a elas é um dos maiores crimes contra a espécie humana praticados pelas corporações. Vender a morte como se fosse vida, a escravidão como liberdade e o individualismo como valor social é a base da propaganda dos automóveis.
Como eu acredito que lugar de criança não é em anúncio publicitário, resolvi proteger a identidade das duas garotas. Até porque elas têm bons anos de vida até os 18 para descobrir que o automóvel é a pior solução para o transporte urbano e o segundo responsável por mortes no Brasil (só perdendo para os homicídios).
PS: na versão impressa do jornal, aparecem as duas meninas acima. Já na edição digital (com link no começo do texto), apenas a loirinha ilustra a reportagem… Afinal, como todos sabem, o Brasil não é um país racista, a escolha da loira foi apenas um acaso e as borboletas nascem no escapamento dos carros.

(foto: www.matthewsperry.org)
Na semana que passou, mais três ciclistas foram vítimas da cultura do automóvel. Três garotos foram atropelados em uma área residencial de Brasília por um Gol em alta velocidade. Denilson Almeida Rodrigues, de 15 anos, morreu na hora. Jackson Lopes Leal, de 16 anos, está internado em estado grave. A terceira vítima recebeu alta e passa bem. [reportagem do Correio Braziliense]
Na noite de terça-feira (14), os três garotos tinham saído de bicicleta para comer cachorro-quente, quando foram atingidos pelo automóvel em alta velocidade. O motorista alegou que estava perseguindo um bandido que tinha acabado de assaltá-lo (!!!). Pagou R$800,00 de fiança e está em liberdade.
Em 2005, dos 602 mortos no trânsito do Distrito Federal, 71 eram ciclistas.
Em algumas cidades do mundo os ciclistas mortos são lembrados com a instalação de uma bicicleta branca no local do acidente, em um movimento chamado Ghost Bike. Em outras cidades, uma estrela negra é pintada no chão. A bicicleta branca acima é uma homenagem ao baixista Matthew Sperry, assassinado por um automóvel em 2003.

A CET está substituindo as valetas existentes em algumas esquinas por modelos mais “planos”. A medida visa, como sempre, aumentar a fluidez do tráfego, já que os motoristas eram obrigados a reduzir a velocidade para atravessar as antigas valetas.
Em uma cidade onde semáforo de pedestre é espécie em extinção, a vida de quem anda a pé ficará cada vez mais difícil e arriscada. Antes da novidade, mesmo que o motorista não respeitasse a preferência do pedestre na faixa (e raros são os que respeitam), era obrigado a reduzir a velocidade para não danificar sua sagrada propriedade.
A nova valeta também é horrível para ciclistas e motoqueiros, que são obrigados a fazer a curva em ângulo reto para não afundar a roda no buraco. Além disso, o vão também é perfeito para quebrar raios e amassar aros de bicicletas.
Como sempre, melhorou para o automóvel e piorou para todo mundo.

(clique na imagem para ampliá-la)
Quando o tempo é curto, a gente recorre aos amigos. Em Maceió, Daniel Moura fotografou esse monstro urbano em cima da calçada.
Já o colega Inácio voltou a publicar o Na Estrada e ao Vento. Ele está há nove meses sem carro em São Paulo e escreveu aqui um belo texto sobre a sua experiência.

(clique na imagem para ampliá-la)
A parte da imagem que destoa da obra bucólica e pastoril é intervenção de Banksy, um puta artista de rua do Reino Unido. Entre outras coisas, o cara fez grafites fantásticos no muro que Israel está construindo para segregar os palestinos. Vale muito visitar o site do cara (dica da colega Foz).
Aprendi outro dia o que significa o termo “permissão discricionária”. Em poucas palavras, é uma delegação de poder do Estado a uma determinada autoridade. A partir daí, a autoridade assume o papel do Estado e julga quando uma lei pode ser desrespeitada para que o bem comum (objetivo do Estado) seja atingido.
Assim a autoridade policial pode, a partir deste conceito jurídico, subverter as leis de trânsito para atingir o bem comum. O princípio é válido, por exemplo, quando uma viatura policial em perseguição a criminosos atravessa semáforos vermelhos. A autoridade policial julga, naquele momento, que o bem comum (a prisão dos criminosos) está acima das leis de trânsito.
A polícia brasileira, como é notório, não compreende direito o que significa “bem comum” e comete dirarimente abusos de autoridade dos mais diversos tipos. Desde o assassinato sumário de “suspeitos” (mais da metade dos mortos pela polícia paulistana não tinham passagem pela polícia) até o simples abuso do estacionamento em locais proibidos.
Na foto acima, além da viatura estacionada em cima da calçada (prática absolutamente comum na cidade, afinal o “sagrado” trânsito não pode ser interrompido), um outro carro também desfruta tranquilamente do estacionamento na área destinada aos pedestres. Lastimável para quem deveria ser exemplo de cidadania.
Segundo informa o boletim da World Carfree Network, a agência de transportes da Bélgica está oferecendo três anos de transporte público gratuito para quem cancelar o registro de seu automóvel (ou seja, vendê-lo). Se for o único carro na casa, a família inteira ganha o passe livre. Quartenta mil pessoas já aceitaram a oferta.
Em São Paulo, uma promoção da Volkswagen oferece um ano de seguro gratuito para quem comprar um carro…
Tarde de muito calor em São Paulo, fui com uma amiga retirar o Bilhete Único no posto da SPTrans que fica na rua Augusta. Ela não possuía o cartão e eu precisava cadastrar o meu.
Para evitar as fraudes e o desperdício de cartões, a prefeitura passou a obrigar os portadores do Bilhete Único a cadastrar o cartão magnético. Assim, cada cidadão fica responsável pelo seu bilhete e, em caso de perda, terá que pagar pela segunda via.
Ao passar pela porta rotatória (daquelas que existem em bancos), um bafo quente que vinha de dentro do posto avisava que a tarefa não seria fácil. Mais de 100 pessoas em uma sala relativamente pequena, apenas 4 ventiladores funcionando e três aparelhos de ar condicionado desligados (!!!).
Encontrar um funcionário para pedir informações também não foi muito fácil. Apenas dois homens vestidos com coletes amarelos circulavam pela sala. Tempos depois, na fila, descobrimos que diversos funcionários “à paisana” estavam por lá, mas sem ao menos utilizar crachás de identificação.
Munidos de formulários, entramos na fila. Apenas os 10 primeiros eram beneficiados pela brisa de um dos ventiladores. Quem estava atrás, sofria com o calor que devia ultrapassar os 40 graus. Vinte minutos depois, pensei que faltavam apenas folhas de salsinha e um pouco de sal para que todos saíssem de lá prontos para serem degustados com batatas.
Dos 11 guichês disponíveis, 4 estavam vazios e apenas dois faziam o atendimento de quem precisava tirar o Bilhete Único ou cadastrar o cartão.
A espera no forno… ou melhor, na fila, também foi bastante agradável: além do calor, um funcionário suando em bicas gritava a cada 3 minutos números de senhas, já que o local não possui aqueles painéis indicativos, comuns em qualquer supermercado.
Após 45 minutos e uns 3 quilos a menos, entregamos o formulário molhado de suor para o atendente. Missão cumprida. Fui procurar alguém responsável para reclamar das condições desumanas a que fomos submetidos.
O funcionário que suava em bicas e gritava as senhas informou que o gerente estava ocupado. Eu disse que aquele calor era um absurdo e sugeri que ele convidasse o prefeito para tirar o Bilhete Único ali.
– Ah, é todo dia assim… E eu, que passo o dia inteiro aqui?
– E o ar condicionado? Porque não está ligado?
– Porque a Eletropaulo não autoriza, diz que a instalação elétrica do prédio não suporta o ar condicionado. O equipamento está aí desde que o posto foi inaugurado, mas nunca chegou a ser ligado…
A experiência traumática desta tarde na SPTrans é um belo exemplo do tratamento dispensado pelas autoridades a quem utiliza transporte público na capital.
Visitar o terrível e inútil site da SPTrans é outro belo exemplo. Ao compará-lo com o site da London Busses dá pra entender porque transporte público em São Paulo é “coisa de pobre”, de quem não “venceu na vida” e não tem dinheiro para comprar um carro. E a cada dia mais gente morre no trânsito, sofre com a poluição, com o barulho, com a agressividade e com a total imobilidade no município…
Na figura acima está o metrô da Cidade do México, que começou a ser construído exatamente no mesmo ano que o de São Paulo. Os “hermanos”, no entanto, têm 220 km de trilhos, enquanto São Paulo possui apenas 57,6km. As duas cidades são praticamente do mesmo tamanho (cerca de 1500km quadrados).
Para entender um pouco a poluição, o trânsito, a imobilidade e o subdesenvolvimento brasileiro, é só comparar com Nova Iorque. A grande maçã do norte tem 1016km de trilhos (!!!).
Ao contrário do governo paulista, que divulga há anos um mapa cheio de linhas pontilhadas, os mexicanos não colocam no mapa oficial as linhas em projeto ou em construção.
No urbanrail.net você encontra mapas metroviários de muitas cidades ao redor do planeta.