Para cidades com ciclovias

“Linha rápida / linha gorda (queime calorias, economize dinheiro, chegue no horário)”

Propaganda do loveyourbike.org, site muito bem feito e bastante completo, feito por amantes das bicicletas em Manchester (Inglaterra).

Uma série de argumentos a favor do uso de bicicletas nas cidades. Tem até mapas das ciclovias (chamadas de “love lanes”) utilizando o Google Maps.

Hummer, aqui pra você!

A foto acima é do Martino´s Bike Lane Diary, excelente blog, cheio de fotos, textos muito bons e uma bela cobertura da “ciclovida” em Toronto (Canadá). Martino também é autor do vídeo La Fuga di Olmo, que participou do Filmed by Bike deste ano, junto com as imagens da 41a Bicicletada paulistana.

O carro da foto é um Hummer, veículo militar usado na guerra do trânsito urbano. A propósito, Willian Cruz publicou aqui uma série de links e uma análise bem interessante destes monstros urbanos, símbolos de violência, poder, status, arrogância, desperdício de combustível e de espaço.

Aqui no blog, dois posts anteriores sobre o Hummer:
[A guerra na sua garagem por U$750 mil]
[Brinquedos educativos]

Italianos X Europeus

Aqui uma animação divertidíssima de Bruno Bozetto, especialmente na parte dedicada aos transportes.

Estradas mais seguras: só 77 mortos no feriado

A manchete sempre otimista quando se trata de resguardar a indústria automobilística afirma: “Estradas federais têm queda de 7% nas ocorrências no feriado” (Estado de S.Paulo, 18.abr.2006). A estatística da PRF não inclui números das estradas estaduais.

A “queda” representou “apenas” 1.407 “acidentes” com 77 vítimas fatais durante o último feriado.

Em São Paulo, o número de mortos caiu em 15,8% na comparação com a Páscoa do ano passado. Ou, para não tratar vidas como números, “apenas” 32 pessoas morreram (contra 38 em 2005).

O número de feridos também foi reduzido: “só” 889 brasileiros sofreram traumas nas estradas. Boa parte dos sobreviventes irá carregar a lembrança da Páscoa até o final da vida, com mutilações, cicatrizes, debilidades físicas e mentais dos mais diversos tipos.

Carro mata (mesmo estacionado)

Um casal de namorados morreu intoxicado em Santos no último final de semana, depois de passar uma hora dentro do veículo estacionado, com o motor e o ar condicionado ligados. (do Globo Online)

Prioridade: mais espaço para os carros

Enquanto a prefeitura dá sequência ao projeto de construir garagens subterrâneas no centro, o estacionamento de bicicletas em São Paulo segue dependendo de postes, cercas, caixas de correio e outros improvisos no caótico mobiliário urbano das calçadas.

Apesar de aprovada há mais de dez meses, a lei 13.995 (que prevê instalação de bicicletários) ainda não saiu do papel por falta da regulamentação (feita por decreto pelo Executivo).

No caso das garagens subterrâneas, a lei (13.688) é da ex-prefeita Marta Suplicy e foi aprovada em dezembro de 2003. José Serra, no entanto, levou apenas seis meses de mandato para regulamentá-la com o decreto 45.980. “Prioridades”, já dizia o ex-prefeito na sua campanha.

Segundo o site da prefeitura, a “revitalização (sic) do centro exige a construção de estacionamentos”. São 40 mil vagas disponíveis na região. Segundo a própria prefeitura, boa parte destas vagas são irregulares, instaladas em prédios históricos e outros locais inadequados (ainda que legais).

Não haveria nenhum problema na construção das garagens para substituir os estacionamentos inadequados. Mas não é isso que está previsto: as garagens serão construídas para acrescentar vagas às já existentes, estimulando o uso do automóvel na região que tem a mais farta rede de transporte público da cidade. “Prioridades”…

(veja a íntegra das leis no Disco Virtual)

Numerologia do automóvel – haja futilidade

Depois do Feng Shui para harmonizar o interior dos automóveis e se livrar do “estresse do trânsito”, a numerologia chega na tarde televisiva para ajudar os proprietários de veículos a escolher a melhor placa de seu automóvel.

Enquanto isso, o ambiente externo fica cada vez mais poluído pela “energia” da queima dos combustíveis. Os motoristas, cada vez mais estressados pelo movimento descompassado do “acelera e freia”, da máquina que vai a 180 km/h no simples apertar do pedal, mas que se desloca com velocidade de uma bicicleta nas ruas saturadas de automóveis.

Bandeira demais?

Misteriosamente, a bandeira colocada durante a 42a Bicicletada permanece na Praça do Ciclista, assim como a sinalização pró-bicicleta (40a Bicicletada) e as placas que dão nome à praça (41a Bicicletada). Será que ninguém percebeu? Será que perceberam, mas resolveram deixar? Bom, melhor é ficar quieto e parar por aqui…

vídeos, vídeos, vídeos

Três vídeos bacanas:

– Bicicletada de Angers (França), abril de 2006

– Bicicletada de Gotemburgo (Suécia), março de 2006

– Copenhague, City of Cyclists (Dinamarca) (dica do colega Martino)

Ciclovias paulistanas

Você consegue enxergar uma ciclovia nesta foto? Não? Fique tranqüilo: da pista compartilhada entre ciclistas e pedestres, construída na década de 90, só restou uma tênue linha branca no meio da calçada. A foto foi tirada pertinho do condomínio de mansões com 4 suítes e 9 vagas, ao lado do parque do Ibirapuera, na finíssima Vila Nova Conceição,

A calçada, por sinal, é bastante adequada a pedestres bêbados. Repare: primeiro uma desviada à esquerda para escapar do poste. Depois, no dois pra lá, dois pra cá, o passante deve fazer uma finta à direita para desviar da publicidade instalada no ponto de ônibus. Altamente adequada também para os deficientes visuais e físicos.

A publicidade ocupa metade da calçada e tem quase três metros de altura. As proporções gigantescas atingem motoristas e pedestres. Os primeiros, por causa da velocidade, só enxergam anúncios grandes. Já os pedestres são praticamente obrigados a reparar no anúncio, sob pena de dar com a testa na placa.

Pontos de ônibus transformados em outdoors são marcas na paisagem de São Paulo. Na mesma década de 90 chegou-se a revestir ônibus inteiros com anúncios, mas os marqueteiros disseram que associar a marca do produto à um veículo de péssima reputação como os ônibus não era boa estratégia de mercado. Hoje os taxis se tornaram uma “mídia mais eficiente” na cidade que não anda.

Gigantesco também é o espaço ocupado pelos automóveis estacionados nos dois lados da rua. Se o estacionamento de propriedades privadas no espaço público fosse proibido no local, a avenida poderia ter calçadas mais largas, ciclovias e mais espaço para o fluxo de automóveis e ônibus; enfim, atenderia à sua função pública de permitir a circulação de pessoas.

Os ridículos 22,7km de ciclovias e ciclofaixas paulistanas sempre foram construídos na calçada ou dentro de parques, para uso recreativo.

E não é apenas com bicicletas, buracos, postes e propagandas que os pedestres devem dividir seu espaço: dois calçadões foram exterminados na região central e oturos tantos devem ser “abertos aos veículos” nos próximos meses.

A cidade tem, por exemplo, um estacionamento chamado Praça Charles Miller, que deve se tornar pago com a implantação da Zona Azul (com direito a “cartão do estudante” e metade do preço para os alunos de uma faculdade particular da região). Tem outro chamado Calçadão da Luz, este com cobrança informal através da Miséria S/A, e mais um chamado Largo São Bento, garantido pela polícia militar (que mantém uma base no local).

Enquanto isso, os parcos trechos de ciclovias desaparecem sob os efeitos do tempo, os corredores de ônibus são liberados para veículos particulares aos finais de semana, desvalorizando o transporte público, e as leis a favor do transporte sustentável continuam sendo apenas ficção jurídica que vira notícia-propaganda em jornalão.