Aqui jaz uma cidade

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O pedaço de solo que guarda as raízes e troncos de árvores centenárias é apenas um trecho dos 19 hectares nas margens do rio Tietê que serão impermeabilizados e pavimentados para a construção de 6 novas pistas para fluxo de veículos motorizados.

O custo monetário é de R$1,5 bilhão (que pode até triplicar com adicionais e outras benesses e arranjos feitos com as construtoras). O impacto ambiental da obra é brutal, especialmente em uma cidade já por demais castigada com o estímulo ao transporte individual motorizado (política que pode ser traduzida como “a morte de uma cidade”).

São Paulo escolheu este caminho faz tempo e poucas vezes desviou a rota, tanto que o engenheiro responsável pela obra argumenta que “Apenas o Rodoanel não basta! É preciso que TODAS essas obras sejam concluídas”, em referência a um projeto “estratégico” que envolve dezenas de bilhões de Reais e uma série de túneis, pontes, viadutos e garagens…

A referência ao Rodoanel é uma resposta ao argumento de que a ampliação da Marginal seria desnecessária, já que o também impactante e igualmente bilionário trecho Norte do anel viário reduziria o trânsito na via expressa. Ou alguém não se lembra de ouvir aos quatro ventos durante a aprovação da licença ambiental do Rodoanel que ele “acabaria pra sempre com o trânsito na Marginal”?

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A aprovação de todos os projetos, planos e armações deste período recente da carrocracia paulistana foi feita da mesma maneira e com a mesma rapidez que um buldozer derruba uma árvore. Nunca se viu tamanha velocidade desde a aprovação do projeto, realização de (uma) audiência pública, aprovação de orçamento e colocação das máquinas em funcionamento.

Se você ficou indignado ao comparar essa rapidez toda com o tempo que leva para pintarem uma faixa de pedestres naquela esquina difícil de atravessar, para que qualquer iniciativa cicloviária seja concluída ou para que as linhas linhas pontilhadas se transformem em linhas contínuas no mapa do metrô, pergunte ao calendário eleitoral. Tente também uma busca por “constutora” e “doação” no google. Some a isso o gigantesco lobby do automóvel, acrescente 15% de comissão e quem sabe encontrará uma resposta.

A cidade de São Paulo vive mais um momento crítico de sua História, não apenas com a ampliação da Marginal, mas também com a sabotagem em curso do Plano Diretor Estratégico e com uma série de iniciativas que não deixam longe o horizonte de uma cidade totalmente “bunkerizada”, uma mistura de SUV City, Robocop e Mad Max, a não-cidade dos não-humanos.

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O assalto a qualquer possibilidade de vida sustentável e de constituição de uma cidade democrática e agradável tem mais um capítulo importante nesta segunda-feira (22).

A partir das 15h, na Câmara Municipal, acontece (talvez) a úlitma audiência pública sobre o projeto de lei 671/2007, que praticamente formulou por decreto um novo Plano Diretor Estratégico para a cidade, desconsiderando garantias fundamentais e uma série de procedimentos que deveriam ter sido colocados em prática depois da aprovação do PDE em 2002.

Nas postagens seguintes, mais explicações sobre a chamada “revisão” do Plano Diretor. Durante a semana, mais textos, articulaçoes e reflexões para superar a brutal e arrebatadora investida da sociedade do automóvel contra a cidade de São Paulo.

clipping
fotos: Aqui jaz uma cidade
+ fotos: [ciclobr][uol][preservasp]
video – Nova Marginal, capítulo 1
vídeo – Massacre do MotorSerra
Os marginais do Tietê não param – EcoUrbana
Campanha Adote Uma Árvore na Marginal Tietê – EcoUrbana
sobre a “adequação viária” da Marginal – ecologia urbana
Vem aí a freeway do Serra – ciclobr
Soletrando “estupidez” com imagens – Different Thinker
Começam audiências de revisão do plano diretor – Estado de SP
Construtoras doaram a membros de comissão – Estado de SP
Menos árvores = Mais Carros – Cotidianices
4 cases of how tearing down highways can relief traffic jams (and save your city)

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