Com a fotomontagem acima, céu azul e um carrinho…

Com a fotomontagem acima, céu azul e um carrinho infantil e sorridente na frente da Prefeitura começa o guia “cultural” do Estadão da última sexta-feira (30).

“Você pode falar o que for. Que o metrô é o melhor meio de transporte (e é), que falta melhorar a estrutura de ônibus, recuperar as linhas de trem…. Mas paulistanos têm um traço de personalidade que é difícil mudar: adoram carro. Eles provocam engarrafamentos, poluem, mas, fazer o que? Por isso, é batata que os cinemas da cidade, assim como as grandes avenidas, vão ficar congestionados de gente querendo ver Carros” é o texto de abertura.

Entre as diversas páginas dedicadas ao filme, duas mostram um passeio cujo título pode provocar náuseas: “sem sair do carro”.

Deve ser realmente uma delícia fazer esse passeio no por-do-sol de uma sexta-feira.

Nas fotos, ângulos fechados e nenhum carro por perto. Nada de poluição no céu.

“No futuro, os carros andarão sozinhos. Os vidros serão 100% escuros e do lado de dentro, projeções de cidades belíssimas” poderia ter dito uma das crianças da Fiat depois de ler a matéria.

Tá certo, é apenas um guia de final de semana…

O caderno de cultura do jornal também dava várias páginas ao filme. Na capa, abaixo dos alegres carros em alta velocidade, um anúncio de meia página do brinquedo de adulto, aquele que mata, polui, congestiona, desperdiça combustível, afasta do contato humano, degrada a cidade, atrapalha os ônibus…

E como blockbuster é blockbuster: álbuns de figurinha já estão nas bancas, o McLanche Feliz traz como brinde os carrinhos-personagens (alguns já estão esgotados!), milhares de produtos e imagens movimentam muito dinheiro e os impulsos dos “paulistanos” ao redor do mundo: “é o filme número 1 da América!”.

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