Saudades

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tjr_GJKuH28]

Meia hora a menos

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Toda quarta-feira vou até o bairro de Taipas para dar aulas de “blogs, internet e jornalismo”.

Levava duas horas para ir e duas para voltar, tomando dois ônibus.

Com a instalação do bicicletário do Sesc Pompéia depois de duas Bicicletadas da Lapa, resolvi fazer uma parte do caminho de bicicleta. Vou da Paulista até o Sesc, deixo a bicicleta e de lá pego um ônibus direto.

Meia hora a menos de percurso, muito mais saúde e diversão, mostrando o potencial da integração entre a bicicleta e o transporte público.

Curiosamente, levava cerca de meia hora para atravessar a avenida Paulista no primeiro ônibus. Este era o único trecho do meu caminho pelo centro expandido que não possui corredor exclusivo de ônibus. Carro atrapalha o trânsito.

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Enquanto isso no Rio de Janeiro:

[Bicicletário de luxo na Cinelândia]

Compre uma prisão

banrisul - compre uma prisão

Para quem não leu o comentário do Kieling na postaegm anterior, segue o anúncio indicado por ele e comentado pelo jornalista Poti Campos.

CET aplica primeira multa por desrespeito a ciclistas em SP

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Em pouco mais de um mês, usuários de bicicletas e artistas paulistanos já pintaram cerca de 30 quilômetros de ciclofaixas nas ruas da cidade.

A iniciativa dos cidadãos fez com que a CET-SP aplicasse a primeira multa de seus 31 anos de história para um motorista que desrespeitou ciclistas na capital. No último domingo, o veículo, estacionado em uma das novas ciclofaixas foi autuado na rua São Carlos do Pinhal, como mostra a foto acima.

A sinalização no solo serve para orientar motoristas sobre a presença de bicicletas nas ruas e garantir a preferência dos ciclistas sobre os veículos motorizados, prevista no artigo 58 do Código de Trânsito Brasileiro.

A notícia bem que poderia ser verdadeira, mas o motorista infrator estava, na verdade, atrapalhando o trânsito motorizado. Com a interdição de um trecho de uma das pistas da avenida Paulista (por causa da reforma das calçadas), o órgão de trânsito proibiu o estacionamento (antes liberado aos finais de semana) em um dos lados da São Carlos do Pinhal, que serve de “alternativa” à sempre congestionada avenida.

[ciclofaixas em São Paulo: democratizando o espaço]

[ciclofaixas durante a Bicicletada de Setembro]

[ciclofaixas em Curitiba]

Uma imagem

(do Singer, no microcomsmpublishing)

A periferia é viva


(fotos: Ilha da Fantasia)

Desde o começo de setembro, participo de um projeto de oficinas integradas que reúne outros cinco educadores no bairro de Taipas, extremo norte da capital paulista. No último sábado, as turmas das oficinas de fotografia e “blogue, internet e jornalismo” se reuniram para uma saída fotográfica/jornalística. O material coletado pelos alunos alimentará um blogue que está sendo criado e as discussões nas aulas de fotografia.

Lusival, o cadeirante da foto acima, é um dos alunos, morador do bairro.

Assim como os demais cadeirantes da cidade, Lusival teve o seu direito de ir e vir tolhido pela sociedade do automóvel e da corrupção. Postes e outros obstáculos no caminho fazem Lusival preferir andar pelas ruas, já que o asfalto em toda a cidade é sempre melhor do que as calçadas.

Quando as ruas são muito perigosas, Lusival tem que enfrentar buracos, calçadas estreitas e outros obstáculos.

Mesmo sem calçadas, Lusival anda sozinho por todo o bairro.

Ele gosta de fotografia.

A periferia de São Paulo é viva. Ao contrário do que pensa a preconceituosa e amedrontada classe média que vive em castelos televigiados no centro expandido, a “quebrada” é um lugar relativamente tranqüilo (nem mais nem menos que o resto da cidade) e, em muitos aspectos, muito mais “europeu” do que as “maisons”, “chateaus” e “lofts” de Pinheiros ou da Vila Nova Conceição.

Na “quebrada”, assim como na Europa, os prédios são baixos, com quatro ou cinco andares. O convívio entre as pessoas no espaço público é infinitamente maior do que no Morumbi ou em Alphaville. Vizinhos jogam dominó com vizinhos, crianças brincam nas ruas e o encontro entre as pessoas é freqüente.

Problemas, é claro, não faltam. Inclusão social significa acabar com esta cena. Significa construir moradias decentes, resolver de uma vez o problema do saneamento básico e proporcionar oportunidades para todos, inclusive de mobilidade urbana.

Racismo, corrupção, resquícios da escravidão, má distribuição de renda, mesquinharia, ausência do poder público, planejamento urbano voltado a interesses especulativos e violência estatal são algumas das raízes do problema. O assalto cometido contra motoristas de carros importados nos semáforos das regiões nobres é apenas uma das conseqüências, certamente a menor.

 

São Paulo é excludente. O “muro” do transporte separa os cidadãos em duas categorias: os que estão “do lado de cá da ponte” e os que estão do lado de lá.

A construção da Linha 5 (Lilás) do metrô é um exemplo claro do desinteresse público pela inclusão: iniciada antes da nobre Linha 4, a ligação entre o Capão Redondo (zona Sul) e a estação Santa Cruz foi suspensa e sabe-se-lá quando será reiniciada.A linha da zona Sul tem horário de funcionamento diferenciado e o morador da periferia que quer chegar ao centro tem que dar uma volta absurda ou então enfrentar congestionamentos dentro de ônibus que saem do Largo 13.

Outro exemplo é a diferença de qualidade entre os trens que ligam a Zona Leste ao centro e os que passam pela Marginal Pinheiros, ligando a USP à Berrini.

Morador “do lado de cá da da ponte”, eu levo cerca de duas horas para chegar em Taipas e duas horas para voltar de lá. R$4,60 para usar quatro ônibus.

Taipas tem muitas bicicletas.

Coletivas, individuais, elas estão por todos os lados.

Para crianças e adultos de todas as idades.

Reflexões de setembro

Depois da Bicicletada do Dia Sem Carro, quando mais de 300 pessoas ocuparam as ruas para celebrar alternativas de mobilidade urbana e questionar a primazia do automóvel particular sobre os demais modos de transporte, os participantes da massa crítica paulistana acharam que era importante iniciar uma série de reflexões sobre a iniciativa civil que acontece desde 2002 em São Paulo.

A tradicional concentração lúdico-educativa na Praça do Ciclista teve muita conversa. Relações com a mídia, com o poder público, com a polícia, segurança e postura dos participantes durante as atividades e uma longa discussão sobre “o que é a Bicicletada”.

Foi apenas um começo de conversa, que deve continuar a acontecer na lista de discussão por e-mail e nos encontros mensais. A Bicicletada é uma iniciativa horizontal, sem líderes ou organização formal, um movimento caracterizado pelo encontro de indivíduos diferentes em um determinado tempo e espaço.

Se o Dia Sem Carro trouxe a alegria de ver que existe muita gente disposta a agir pela humanização das cidades, também trouxe a alguns dos participantes um pouco de medo: como manter os princípios de auto-organização e, ao mesmo tempo, lidar com “ameaças” externas e internas inerentes a qualquer iniciativa que tenha muita gente?

As experiências internacionais mostram que a massa crítica (e não só ela) está sujeita a uma série de “intempéries” que muitas vezes são difícieis de equacionar: cooptação por políticos, participantes agressivos durante as pedaladas, ataques da mídia de massa, disputas de ego, reações violentas de motoristas, agressões policiais e judiciais, apropriação comercial das iniciativas, desrespeito dos participantes aos usuários de outros meios de transporte….

A convivência entre os seres humanos não é fácil. Resistir ao poder do automóvel e de suas indústrias associadas (petróleo, publicidade, biocombustíveis, pneus, asfalto, montadoras e órgãos de trânsito) segue caminhos ainda mais tortuosos.

Respeitar a pluralidade de opiniões e ações também é complicado para boa parte dos seres humanos. Mas os exercícios de democracia que envolvam a participação direta das pessoas são imprescindíveis para qualquer sociedade, não importando para que lado sopre o vento.

Depois da conversa, cerca de 50 pessoas pedalaram pelas ruas de São Paulo, panfletaram e celebraram a construção de cidades humanas.

A Bicicletada terminou na Praça do Ciclista, com uma “Pizza delivery” e mais conversa.

Já passava das 11 horas da noite e o trânsito de automóveis ainda era infernal na avenida Paulista. Que a massa silenciosa dos pedais a girar continue nas ruas!

[vídeo]

Fotos boas nos álbuns abaixo:

[contraponto e fuga]

[pedalante]

[luddista]

Dia Mundial Sem Carro – clipping


(foto: Bike Lane Diary)

Mais de 1500 cidades ao redor do planeta realizaram atividades e reflexões sobre o uso de automóveis no último sábado (22).

Confira abaixo uma seleção de matérias e notícias sobre o Dia Mundial Sem Carro.

Brasil:

[São Paulo – relatos, fotos e vídeos]

[Belo Horizonte – fotos]

[Belo Horizonte – fotos]

[Belo Horizonte – Vaga Verde]

[Belo Horizonte – concurso de frases e cartazes]

[Rio de Janeiro]

[Rio de Janeiro – vídeo]

[Rio de Janeiro – Vaga Viva]

[Blumenau – vídeo]

[Salvador]

[Brasília]

[Cosmo Online – Desafio Intermodal SP]

[SP – Pra lá e pra cá – “Os pontos ‘autos’ do Dia Sem Carro”]

[SP – Desafio Intermoda – CicloBR]

[SP – CAB na Virada Esportiva]

Mundo:

[Toronto, Canadá – fotos]

[Toronto, Canadá – “Carfree Dance” – vídeo]

[Bruxelas, Bélgica – vídeo]

[Nova Iorque – Park(ing) Day – vídeo]

[Nova Iorque – Park(ing) Day – fotos]

[San Luis de Potosi, Méxio – fotos]

[Lisboa – vídeo e relato]

[Munique, Alemanha – vídeo]

[Munique, Alemanha – vídeo]

[Szeged, Hungria – vídeo]

[Bangkok, Tailândia – vídeo 1]

[Bangkok, Tailândia – vídeo 2]

[Budapeste, Hungria – vídeo 1]

[Budapeste, Hungria – vídeo 2]

Brasil – mídia corporativa:

[OESP – “Dia Sem Carro não reduz trânsito”]

[iG – “Prefeito adere a ônibus e metrô (…)”]

[G1 – Cidades Brasileiras Participam do Dia Sem Carro]

[SPTV – SP teve congestionamento no Dia Sem Carro]

[FSP – “Carro virou extensão do corpo”]

[G1 – “‘Pichadores conscientes’ ajudam a divulgar DSC]

[iG – desafio intermodal SP]

[Bom Dia Brasil – “Movimento dos ‘sem carro’ tenta mudar a rotina estressante do trânsito em SP”]

[GloboNews – Cidades e Soluções]

[Planeta Sustentável – “Foi mesmo um dia sem carro?”]

Mídia corporativa (conteúdo fechado):

[UOL News – “Ciclistas e pedestres contam como é viver sem carro”]

[UOL News – Oded Grajew: SP precisa de transporte público de qualidade]

[UOL News – “Após 10 anos, rodízio de veículos satura (…)”]

[UOL News – “Poluição dos carros mancha apelido de ‘cidade maravilhosa'”]

[Revista da Folha – cicloativismo]

Ciclofaixa é crime ambiental em Curitiba

(fotos: Antonio Neto, Ulrich Jäger, L Peters, João Carlos)

No Dia Sem Carro de Curitiba (PR), cerca de 50 pessoas (e duas fadas) participaram da Bicicletada local, a única atividade da jornada internacional de reflexão sobre o uso dos carros que aconteceu na cidade em 22 de setembro.

Além da pedalada para humanizar o trânsito, da panfletagem e das alegorias, os participantes da Bicicletada decidiram mostrar que a construção de estruturas cicloviárias não requer muito esforço nem dinheiro.

Com duas latas de tinta, alguns pincéis e um pouco de vontade, é possível construir uma estrutura prevista no Código de Trânsito Brasileiro: uma ciclofaixa.A pintura do solo que reserva um espaço preferncial (não exclusivo) aos ciclistas nada mais é do que um lembrete aos motoristas para que preservem a vida.

A atividade, que foi precedida de um convite à comunidade, transcorreu de forma pacífica e alegre, exceto pelo comportamento de alguns portadores de armas (motorizadas ou não).

Ciclofaixa pintada, três carros da Guarda Civil se aproximam do local procurando “o líder”. Os agentes da lei (alguns sem identificação) acabaram levando todos os participantes para a Delegacia do Meio Ambiente, alegando que os ciclistas estavam cometendo “crime ambiental” (!!!).

Como diz um dos relatos publicados sobre a Bicicletada de Curitiba, “espero que o final desta história seja feliz, com conscientização do poder público e da sociedade sobre a necessidade da democratização do trânsito para ciclistas, e aprofundamento do respeito verdadeiro ao meio ambiente”.

[relato no CMI]

[relato no pedaleiro]

[fotos Antonio Neto]

[fotos L Peters]

[pedido às autoridades curitibanas]

[carta ao Prefeito de Curitiba]

[abaixo-assinado por uma cidade mais tranqüila e saudável]

[vídeo: massa crítica na Rui Barbosa]

[vídeo: homenagem à jardinagem libertária]

Tentativa de assassinato

Ao transformar as calçadas em abientes esburacados, cheios de degraus de acesso a garagens, sem rampas de acesso nas esquinas, com larga tolerância ao estacionamento que “só” atrapalha pedestres e com tempos de semáforos desumanos, a sociedade paulistana comete um crime contra todos os portadores de mobilidade reduzida.São duas as penas a que estão sujeitos cadeirantes, idosos e pedestres em geral: o confinamento em suas residências ou “acidentes” graves nos seus deslocamentos cotidianos.