Uma questão de espaço

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Duas pessoas, 3 metros quadrados. Uma pessoa, 15 metros quadrados.

O crescimento vertiginoso que tornou São Paulo uma cidade inviável foi baseado em dois pilares: a especulação imobiliária e a usurpação automobilística.

Carro ocupa espaço. Condomínio fechado com parque privativo e 350 “ítens de lazer” também.

A cidade espalhada não tem volta. Continuará a roubar uma infinidade de recursos públicos e naturais por muito tempo. A megalópole terceiromundista levará os cofres públicos e o meio ambiente à falência se não houver nenhuma reação dos homens-gabinete e dos homens-volante.

Bicho estúpido que é, o humano paulistano ainda continua acreditando em soluções individuais para problemas coletivos e no lucro rápido das negociatas territoriais. Continua acreditando que a solução para o transporte público é comprar um carro e que o mundo perfeito está dentro de bolhas privadas.

Garotos e garotas da bolha
A rua inteligente

Pedala, Copenhaguem

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=a_8dGodhGtI]

Algumas políticas públicas para a mobilidade urbana na Dinamarca:

– cada litro de gasolina custa aproximadamente R$12,00

– os automóveis são taxados em 200%

– ao parar nos pontos, os ônibus atrapalham os carros, deixando as ciclovias livres

– o centro da cidade é livre de carros

Bicicletada Zumbi dos Palmares na Lapa

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A edição descentralizada da Bicicletada paulistana no bairro da Lapa acontece neste sábado. Tema mais adequado, impossível.

Apareça:
sábado (17)
concentração lúdica: 17h
saída: 18h
na Praça Miguel Dell’Erba (em frente ao terminal de ônibus da Lapa)

Mais informações no pedalante

Quantas pessoas morrerão neste feriado?

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Todo feriado ou final de semana é a mesma história. De tempos em tempos, a parte da sociedade que trabalha para dirigir e dirige para trabalhar tem a sua válvula de escape aberta.

Confinados diariamente em automóveis que andam a 20km/h, respirando poluição e sem contato com outros seres humanos, a casta dos motoristas vive angustiada nas cidades.

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Quando a porteira se abre, a boiada pisa fundo. Inspirada pela publicidade criminosa, pelas provas corridas de fórmula um e afins e pelo individualismo crescente, colocam suas máquinas de duas toneladas para “voar baixo” em estradas e ruas. Querem “chegar logo” ao seu destino, economizar 10 minutos na viagem ou experimentar a “emoção” da potência reprimida.

Nas cidades não é muito diferente. Nos feriados e finais de semana, o número de mortos em acidentes (?) de trânsito cresce exponencialmente. A violência do motor, contida pelos congestionamentos cotidianos, se transforma em assassinatos e suicídios a combustão.

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Novembro e dezembro são meses caóticos em São Paulo. Dirija para comprar, compre para dirigir. As festas de final de ano e a vontade de se livrar de mais doze meses de pressão motivam a insanidade coletiva e generalizada nas ruas. Cada ano que passa parece que tudo realmente vai acabar na capital do automóvel.

Vale a pena se cuidar nesta época do ano, evitar dar bobeira durante as noites tensas de alegria imbecil. Afinal, um carro é um acidente procurando algum lugar para acontecer.

Não assassinar, uma das vantages de não dirigir
Mais um recorde de congestionamento na véspera do feriado

Primatas

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outra imagem roubada do Ciclo Urbano

Os primatas andavam sobre quatro patas. O grande salto evolutivo, além do polegar opositor (como ensina Jorge Furtado), foi caminhar apenas sobre duas patas.

Mais cedo ou mais tarde, por bem ou por mal, a humanidade também deixará de lado as primitivas quatro rodas para descobrir o prazer e a eficiência da mobilidade por bicicletas.

Aula vaga

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Atividade lúdico-educativa sobre o espaço desperdiçado pelos automóveis: Aula Vaga durante a semana do Dia Sem Carro, em um curso de arte ministrado por Cibele e Joana para jovens alunos no MAM-SP.

Um ciclista a mais

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O Felippe César, da Associação Ciclo Urbano, montou um tutorial ilustrado para quem quer botar a mão na massa e fazer uma plaquinha “profissional” para colocar na bicicleta e pedalar mais tranqüilo nas ruas.

Ele também mandou pro disco virtual do apocalipse motorizado uma nova versão da placa “Um Carro a Menos”. Vale comparar com a antiga para descobrir qual o detalhe a mais.

Existe mobilidade além do carro

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Um ensaio audiovisual sobre a mobilidade urbana em São Paulo na matéria da Renata Falzoni sobre o Segundo Desafio Intermodal de São Paulo, realizado na semana do Dia Sem Carro deste ano.

E no disco virtual, um artigo que escrevi para um dos Cadernos Técnicos da ANTP sobre os Desafios Intermodais do ano passado (realizados em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Santo André).

Continuação da matéria da Renata: [parte 2], [parte 3]
Texto no CicloBR sobre o Desafio de 2007 em SP

Porque me ufano do meu país

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Agora vai: quando o mundo achava que o petróleo estava acabando, eis que o País do Futuro surge dos canaviais com mão-de-obra escrava para salvar os proprietários de SUVs ao redor do planeta.

Com a descoberta de mais alguns milhões de dinossauros mortos na costa brasileira, finalmente seremos a potência que Deus abençoou. A OPEP que nos aguarde!

Não precisaremos mais importar gás nem de petróleo: destruiremos a nossa qualidade de vida com combustível 100% nacional.

Atenção indústria automobilística, pode aumentar a produção: 2,5 milhões de carros novos este ano vai ser pouco!

Nosso comércio poderá continuar a usar e abusar dos sacos plásticos e nós continuaremos a achar que aquela rede de supermercados é amiga da natureza por estampar símbolos de reciclagem nas sacolinhas que levam 100 anos para desaparecer do ambiente.

E o melhor: com a fortuna do óleo recém descoberto, poderemos folgadamente realizar a Copa do Mundo em 2014. E sem mesquinharia: Mirandas, Teixeiras e as nobres excelências poderão encher os bolsos sem medo que ainda sobra grana para construir estádio.

E viva o Brasil!

Muitos carros a menos

Florianópolis (SC)

Exigimos respeito de norte a sul do país. Um carro a menos, muitas vidas a mais.

Acima, a bicicleta, a mochilha e o gato (!) da Claudia Carraro, que exige respeito diariamente no trânsito de Florianópolis (SC). Abaixo, uma bicicleta em Aracaju (SE), durante uma pedalada da Associação Ciclo Urbano.

Aracaju (SE)

Durante o Dia Sem Carro deste ano, pedalava com uma plaquinha igual a esta quando um motociclista se aproximou e perguntou “Legal esta placa aí na tua mochila. O pessoal lá atrás está distribuindo?”. Respondi que não, que eu tinha feito em casa, a partir de um arquivo criado e disponibilizado por um colega de Bicicletada. Ele agradeceu, sorriu e se despediu.

Em sociedades onde as pessoas foram reduzidas a consumidores e reprodutores passivos, a criatividade e o espírito de “faça você mesmo” são armas poderosas contra a pasmaceira política, a pasteurização estética e a boçalidade comportamental que assolam o mundo “civilizado”.