arte: gira
Veja aqui mais três opções.
E a versão beta do novo site da Bicicletada já está no ar.
A qualquer hora do dia ou da noite, em frente a uma emissora de tevê no bairro do Sumaré…
foto: bicicletada de São Paulo – pedalante
Antes tarde do que nunca, a bicicletada de março.
Belo Horizonte:
Brasília:
Curitiba:
Natal:
Porto Alegre:
São Paulo:
CicloBR – relato e fotos
CicloBR – fotos
J. Mattoso – relato e fotos
Luna Rosa – relato e fotos
Luna Rosa – fotos
Pedalante – relato, fotos e vídeo
Pedalante – fotos
UOL – Nelson Antoine – fotos
UOL – captura da página inicial
Entre as propostas para “melhorar o trânsito” de São Paulo, a mais absurda é também a que parece ser mais consensual entre “especialistas”, administradores públicos, mídia e população: proibir o tráfego de caminhões no centro expandido da cidade durante o dia.
Na última terça-feira (25) foi inaugurado mais um bicicletário da empresa Porto Seguro, desta vez em parceria com uma rede de hotéis.
O bicicletário Novotel Jaraguá funciona do mesmo jeito que os demais: R$2,00 por um período de 12 horas. O ciclista deve levar cadeado.
Além do bicicletário, o Novotel Jaraguá será mais um ponto do serviço de “bicicletas para quem tem carro”, a versão brasileira das bicicletas de uso público. Até a inauguração do bicicletário Jaraguá, apenas os estacionamentos Estapar da avenida Paulista participavam do projeto.
O serviço de empréstimo de bicicletas tem uma grande restrição: só pode ser aproveitado por quem é cliente da seguradora. Nem os turistas hospedados no Novotel Jaraguá poderão retirar uma bicicleta para conhecer a cidade (o gerente do hotel declarou que “vai pensar no assunto”).
O Novotel Jaraguá fica no finalzinho da rua Augusta, o melhor caminho para ir do centro até a avenida Paulista. Já que os clientes da Porto Seguro podem devolver as bicicletas em qualquer estacionamento participante, seria bacana que tivessem condições de se deslocar pela cidade com tranqüilidade.
Pegar uma bicicleta no Novotel Jaraguá e subir até a Paulista para ir ao cinema e devolvê-la nos estacionamentos da avenida seria um ótimo programa de final de semana. Ou descer a Augusta com uma bicicleta retirada no Conjunto Nacional para visitar o centro da cidade e depois deixar a magrela no Novotel.
Infelizmente o melhor caminho entre dois pontos está cheio de carros.
A rua Augusta tem estacionamento de carros permitido em boa parte de sua extensão. Menos de 100 propriedades privadas atrapalhando a locomoção de milhares de pessoas.
Proibir o estacionamento no espaço público e pintar uma ciclofaixa em toda a Augusta é uma medida óbvia, simples e barata. Proibir o estacionamento em alguns horários do dia para fazer mais carros passarem é tapar o sol com a peneira e reforçar a prioridade ao transporte insustentável.
Nos locais da Augusta onde o estacionamento é proibido, quem sofre são os pedestres. O estacionamento nas calçadas não parece ser contravenção, mas sim orientação oficial. Repare na manga amarela e no colete marrom que aparecem no canto da foto acima…
Vinte metros acima, a cena se repete…
Quem atrapalha o trânsito?
Bicicletários em São Paulo
Vrijheid, Gelijkheid en Broederschap – Provos e as bicicletas públicas
A Bicicletada (Critical Mass) paulistana acontece sempre na última sexta feira do mês, há mais de 5 anos. Para participar a única obrigatoriedade é comparecer ao ponto de encontro com um meio de transporte não motorizado. Pode ser bicicleta, patins, skate ou até mesmo com seus próprios pés.
A cada dia vemos mais pessoas adotando a bicicleta como meio principal de transporte e isso reflete na Bicicletada, que não sabe mais o que é pedalar com menos de 100 participantes.
Todos nós estamos criando uma verdadeira Massa Crítica de pessoas que querem mostrar para a cidade que ela pode aproveitada de maneira bem mais inteligente do que um simples corredor de passagem.
Venha celebrar a liberdade de não ficar preso no trânsito. Venha mostrar para a cidade que existe um outro tipo de congestionamento muito mais agradável e prazeroso, o “Congestionamento de Pessoas”.
.::. Bicicletada .::. Massa Crítica em São Paulo .::.
:. sexta-feira (28/03)
:. concentração lúdico-educativa: 18h / pedal para humanizar o trânsito: 20h00
:. Praça do Ciclista: av. Paulista, alt. do 2440 (mapa)
sobre a Praça do Ciclista
lista de discussão (cadastramento)
massa crítica – wikipedia
comunidade no orkut
relatos, fotos e vídeos de edições passadas
panfletos e cartazes
www.bicicletada.org
… e de repente a mídia corporativa criou o hype do trânsito.
Uma profusão de matérias impressas e reportagens televisivas tomou de assalto os veículos de grande tiragem ou audiência.
A imagem acima é o ciclo do hype, termo cunhado por uma analista estadunidense sobre o frisson gerado por novas tecnologias e seu real impacto na realidade.
Hype é o efêmero, o passageiro, a última moda, aquilo que espanta ou seduz as massas vidiotizadas, passíveis de manipulações, fanatismos e reações psicopáticas frente a cada nova imagem chocante apresentada pela tele-tela.
A Sociedade do Espetáculo, texto e vídeo de Guy Debord, expõe com precisão filosófica (sic) as (im)possiblidades de superação. Farenheit 451 é outra referência (menos densa que a primeira), dentre tantas outras.
Ok, o “caos no trânsito” é real e se acentua a cada 1,8 minutos – tempo que leva para que um novo veículo motorizado venha roubar espaço público nas ruas de São Paulo.
Mas será que ele começou em março 2008? Onde estão suas raízes? Por quais caminhos passam as soluções? Qual o papel da mídia nisso tudo? E o poder público, o que fez e o que pode fazer? E o cidadão comum, qual a sua contribuição? Em grande parte das matérias, a análise é rasa e sensacionalista. Algumas poucas exceções aqui e acolá.
“Mais e melhor transporte público”, “só a tecnologia salva: com os chips veiculares, tudo se resolve”, “pedágio urbano”, “restrição de estacionamento para dar vazão aos 800 carros que entram em circulação por dia”… Obviedades e soluções miraculosas, misturados com um pouco de terrorismo midiático é o que vende revista ou mantém a população entretida antes ou depois da novela.
“Especialistas” e mais “especialistas” dão suas sábias opiniões (e aproveitam para vender seu peixe, fazendo o marketing pessoal ou da sua empresa de consultoria). Políticos e técnicos se defendem do ataque midiático, anunciam “planos”, prometem o caos ou a salvação.
Todos andam de carro (salvo, novamente, algumas poucas exceções).
Como todo hype, a pauta única não surgiu a partir de uma observação consistente e contínua da realidade, mas sim de algo “espetacular”: cinco números, cinco recordes consecutivos de congestionamento bastaram para colocar na ordem do dia o “caos do trânsito”.
A insustentabilidade do modelo de transporte baseado no automóvel não começou com uma reportagem de tevê ou com uma estatística da CET. Ela foi forjada ao longo das últimas cinco décadas, com a total e única prioridade ao automóvel sobre todas as demais formas de mobilidade urbana, sustentados pela conivência social e por interesses econômicos bastante óbvios.
Onde estava a mídia ao longo desse tempo? E os políticos, para onde estava voltada sua atenção, onde investiam o dinheiro público? E o cidadão comum, que tipo de político elegeu, quais políticas de mobilidade defende e quais os seus hábitos de locomoção?
O “caos do trânsito” é cotidiano e bastante antigo. Afeta não apenas as classes médias detentoras de automóveis, mas também (e principalmente) pedestres, ciclistas e passageiros de ônibus. Afeta a todos que vivem na cidade, pois gera agressividade, poluição, barulho, degradação do espaço público, desperdício de recursos, degradação da qualidade de vida.
A bomba relógio não explodiu nem deve explodir, pois o homem cordial encontra-se resignado: mesmo passando 6 horas por dia dentro de um ônibus, tendo usurpadas suas calçadas e faixas de pedestre, convivendo com barulho e poluição, ainda sonha em ter um carro e continua achando que político bom é o que constrói avenidas. Afinal é só ligar a televisão, abrir uma revista ou um jornal para ser bombardeado por sonhos de liberdade, poder e status vendidos em 48 prestações.
Ainda vai piorar muito para começar a melhorar. Primeiro, é preciso passar pelo hype e garantir que outro não seja colocado em seu lugar. A discussão deve ser permanente e cada vez mais profunda.
Não há mudança se não expandirmos o olhar para além do pára-brisa. Pedestres, cadeirantes, ciclistas, passageiros de ônibus, trens e metrôs não são bichos exóticos que não conseguiram comprar um carro. São a maioria da população que, por opção ou falta de, ainda não embarcou na bolha de quatro (ou duas) rodas e um motor.
A lógica da escravidão motorizada é destrutiva, segregacionista e especulativa por natureza.
É preciso contestar o automóvel, e não buscar formas de perpetuá-lo resolvendo o “problema do trânsito”.
vídeo: Martin DeLaRue
A prefeitura da sua cidade continua a destinar rios de dinheiro para os automóveis e algumas gotinhas para as bicicletas?
Ao pedalar sua magrela, você costuma escutar frases como “sai do meio da rua” ou “vai pra calçada”?
As ruas estão cheias de carros barulhentos, pilotados por motoristas agressivos e impacientes, que ameaçam a sua vida constantemente?
As únicas placas que você vê na sua cidade com o símbolo de uma bicicleta são aquelas que dizem “proibido”?
Então não perca tempo! Junte-se agora mesmo à Urban Repair Squad: um batalhão de heróis anônimos espalhados pelo planeta em defesa da mobilidade humana, contra a tirania do automóvel, da estupidez e da burocracia.
Urban Repair Squad
Faixas compartilhadas
Tirem espaço dos carros
Por amor
Sinalizando as ruas para democratizar o espaço
Dividir o espaço
Porque as ciclofaixas foram pintadas
Executivos fazem arte
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=M1JRqnSCWtg]
Uma ótima iniciativa para a cidade, para os motoristas de automóveis e para a própria seguradora. Economia de dinheiro, de recursos naturais e de espaço urbano. É a bicicleta ganhando cada vez mais visibilidade.
Outro dia encontrei um “bike-socorrista” no meu caminho para o trabalho. De bicicleta ou à pé é fácil puxar conversa. Com um sorriso no rosto, falei bom dia e elogiei a iniciativa. O rapaz, também sorrindo, devolveu o cumprimento e contou em alguns instantes a sua história:
– Cara, e você acredita que eu era motorista de guincho antes? Além de ser muito mais gostoso o novo trabalho, comecei a perceber que tem muita gente andando de bicicleta… Acho que é porque antes eu tava dentro do carro e não enxergava, mas hoje saio de casa e vejo uma porção de vizinhos indo pro trabalho de bicicleta.
– Tem, tem muita gente andando de bicicleta…
– Uma hora “os caras” vão perceber isso e aí começam a construir estruturas para a gente andar mais tranqüilo.
– É… Mas “os caras” só andam de carro, então vai demorar para eles perceberem que tem gente de bicicleta, nos ônibus ou à pé… Mas essa iniciativa de vocês é bacana, deve causar uma surpresa nos motoristas, né?
– Ô se causa! E geralmente é boa…
– Bom, eu vou virar na próxima esquina. Bom dia e bom trabalho.
– Pra você também…
O ponto de vista é um quesito importante na orientação de vidas, pensamentos, e ações. De dentro do carro, políticos, “especialistas”, técnicos, e motoristas em geral só costumam enxergar semáforos, trânsito e o veículo que vai à frente (geralmente obstáculos intransponíveis para realizarem a ilusão publicitária do carrão sozinho na estrada, a 220km/h). Talvez por isso continuem falando tanta bobagem na recente profusão de matérias sobre “o caos do trânsito” de São Paulo.
Para a iniciativa da Porto Seguro, muitos elogios e uma sugestão: porque não transformar os “bike-socorristas” em agentes educadores?
Em cada atendimento, o ciclista-mecânico poderia entregar um panfletinho simples, alertando para algumas normas de convivência pacífica no trânsito.
A empresa não precisa nem dizer ao seus clientes que o “insul-film”, além de sintoma de uma sociedade doente, é também um dispositivo que compromente a segurança de todos que estão nas ruas (vidros escuros, como disse o “bike socorrista” do vídeo, impedem a comunicação visual, colocando em risco pedestres, ciclistas, cadeirantes e oturos motoristas).
Basta escrever no papelzinho coisas simples como: “a bicicleta é um veículo”, “o pedestre tem sempre a preferência”, “ao ultrapassar um ciclista, reduza a velocidade e mantenha distância lateral de 1,5m”, “não polua os ouvidos da cidade: buzinar não faz o trânsito andar” e por aí vai….
Teste: atenção com o ciclista
Notícias de um trânsito invisível
Bike Socorro Porto Seguro