Portland, Oregon (EUA)
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Uma das palestras mais comentadas durante a abertura da Towards Carfree Cities foi a de Gil Peñalosa, que ressaltou a importância da construção de cidades destinadas às pessoas.
Irmão do ex-prefeito de Bogotá (Enrique Peñalosa) e ex-secretário de parques e esportes, responsável pelas “ciclovias” da capital colombiana, Gil fez um discurso interessante, comparando as realidades de diferentes cidades do mundo.
O Bikescape de Jon Winston registrou o discurso e a entrevista coletiva que aconteceu na sequência. Veja aqui o artigo completo ou faça o download do mp3 com o discruso de Peñalosa (em inglês). Atenção: o podcast começa com uma música (em português!) e uma apresentação de Jon Winston antes da fala de Peñalosa.
Entre as boas maluquices de Portland, uma das mais famosas é o Zoobomb.
Faça chuva, neve ou sol, há mais de cinco anos um grupo de bons malucos se encontra na estação Zoo do Max (o bonde da cidade), sobe um elevador até o zoológico da cidade, passa algum tempo no parque e depois desce uma montanha usando bicicletas de criança.
“Sim, parece idiota e é idiota”, diz um dos slogans do encontro. Idiota, perigoso e muito divertido. A descida da montanha leva menos de dez minutos e é feita em alta velocidade. Usar os freios é opcional e não recomendado.
foto: jonathan maus / bikeportland
O primeiro passo é ir até a uma esquina da cidade onde as bicicletas infantis ficam “estacionadas”.
Depois é só pegar o bonde (Max) até a estação Zoológico. Levando as bicicletas, claro. Afinal elas são aceitas no interior dos bondes, trens e em suportes instalados nos ônibus da cidade.
Detalhe: em toda a região central da cidade, o transporte público é gratuito. A estação Zoo fica só um pouco depois deste deste limite, mas nenhum zoobomber foi visto ou punido por usar este trechinho a mais.
Da estação, um elevador transporta o pessoal até o zoológico, situado em um belo parque a 200 metros acima da cidade.
Nas noites de verão, música e diversão até a hora da largada.
5, 4, 3, 2, 1… Zooooobooomb!
As atividades do Zoobomb são feitas por conta e risco dos participantes. Não existem líderes, organizadores ou responsáveis. Apenas a data e o local do encontro: todo domingo.
Em 2006, alguns comerciantes nas redondezas do local de estacionamento das pequenas bicicletas começaram a reclamar. Argumentaram que a “pilha de bicicletas” era ilegal e estava afugentando seus clientes.
Conversa vai, conversa vem, o recém eleito prefeito Sam Adams, então secretário municipal, não apenas declarou que a pilha de bicicletas era legal, como também afirmou que o Zoobomb é “uma instituição de Portland”.
Para agradar gregos e troianos, a pilha de bicicletas ganhará um novo lugar. As bicicletas ficarão estacionadas em uma escultura a ser construída por artistas locais, em parceria com o pessoal que participa do Zoobomb.
Sam Adams, prefeito eleito de Portland / foto: dropoutbikeclub
Em tempo: Sam Adams foi eleito prefeito e assume o cargo em janeiro do ano que vem. Assim como o ex-prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, responsável por grandes iniciativas a favor das bicicletas na capital francesa, Sam Adams é declaradamente homossexual.
No último dia 27 de junho, ele organizou e participou de um passeio de bicicleta do Pedalpalooza: o “Sam Adams’ Ride” seguiu da prefeitura até sua casa. Porque as ações sempre valeram mais do que as palavras.
Oregon: pavimentar ou salvar?
O impacto ambiental causado pelo uso de automóveis vai muito além das emissões de carbono, transformadas em commodities nos tempos do “ambientalmente correto”.
A impermeabilização das cidades para a circulação e estacionamento das máquinas aumenta a temperatura das cidades, provoca enchentes, reduz os espaços de convivência e as áreas verdes.
No primeiro dia da conferência Towards Carfree Cities, uma atividade de “despavimentação” fez os participantes botarem a mão na massa para que a terra voltasse a respirar.
Vale a pena dar uma olhada no vídeo feito pela Elizabeth Press do Streetfilms, ler a matéria do San Francisco Bay Guardian ou o relato no blogue Bike Portland.
A reforma da cidade “despavimentou” um estacionamento na Williams Avenue, que será transformado em um jardim comunitário. Abertura de conferência melhor, impossível.
foto: luna rosa
Quase 300 pessoas no melhor arraial de São Paulo. Bicicletada Junina: libertando espaços e mentes por uma cidade melhor.
relato e fotos – aninha
relato e fotos – ciclobr
relato e fotos – contraponto e fuga
relato e fotos – falanstérios
relato e fotos – panóptico
fotos – águia dourada
fotos – ciclobr
fotos – fourier
fotos – luna rosa (flickr)
fotos – luna rosa (multiply)
fotos – pedalante
fotos – tessie
vídeo – fourier
vídeo – tessie (multiply)
vídeo – tessie (youtube)
vídeo – vádebike
A conferência da World Carfree Network deste ano, que aconteceu entre 16 e 20 de junho em Portland (EUA) foi memorável. Não apenas pela diversidade de iniciativas, grupos e organizações que estiveram presentes, mas também por ser realmente uma conferência sem carros.
Enquanto os workshops e palestras apresentavam as mais diversas iniciativas e direção a um mundo sem carros, todos os mais de 200 participantes se deslocavam pela cidade em bicicletas ou utilizando o eficiente sistema de transporte coletivo composto de trens, metrô, bondes e ônibus.
O encontro para construir alternativas à primazia do automóvel foi realizado, na prática, mostrando que outras formas de locomoção e transporte são possíveis.
Portland tem uma das mais ativas cenas de “cultura da bicicelta” do mundo. Uma profusão de modelos, “tribos” e assessórios de fazer cair qualquer queixo.
A maioria dos participantes optou pelas bicicletas, veículos não-poluentes, divertidos e saudáveis que servem para levar pessoas…
… e também para transportar coisas.
Boa parte do material utilizado na conferência foi transportado em trailers ou bicicletas de carga. Vale a pena dar uma olhada no site da Clever Cycles, que fabrica incriveis bicicletas cargueiras, ou na Citybikes, uma loja-oficina de bicicletas que funciona em forma de cooperativa.
Nos próximos dias, mais notícias da Towards Carfree Cities 2008. Por enquanto, visite o site Carfree Portland para ler o que foi publicado na mídia estadunidense sobre o evento.
O cartaz acima é de Belo Horizonte, mas a Bicicletada também acontece hoje em São Paulo, Rio de Janeiro, Maceió, Aracaju e Florianópolis (em frente ao CCE/Básico, concentração às 18h, saída às 19h).
Tá esperando o que? Pegue a sua magrela e corre para o ponto de encontro que ainda dá tempo!
A cidade de Portland tem alguns espaços públicos chamados de Praças. Coisa nova no mundo, as tais Praças servem para a convivência entre as pessoas, para o lazer das crianças, para o encontro dos jovens ou adultos.
E o mais incrível: as praças de Portland têm estruturas de madeira com quatro pernas chamadas de bancos! As revolucionárias instalações servem para que as pessoas se sentem, descansem, namorem, leiam jornal ou simplesmente contemplem a cidade.
Coisa de primeiríssimo mundo. Quem sabe um dia essa maravilha cahamada “banco da praça” chegue à capital paulista.
A pé pela cidade – censuraram os bancos de praça
Banco de praça à moda Matarazzo
Existem inúmeras maneiras de adequar os espaços urbanos ao uso de bicicletas como meio de transporte. A construção de espaços humanos para pedestres e ciclistas não pressupõe rios de dinheiro como os que são consumidos pelo automóvel.
“Traffic calming” é um conceito que se espalha pelo mundo. Na tradução literal, “acalmar o trânsito”. Reduzir a velocidade e o poder letal dos carros é imperativo para que ciclistas e pedestres possam circular pelas cidades com segurança.
Durante décadas a máfia automobilística desenvolveu dezenas de dispositivos para proteger motoristas e passageis de automóveis: air bags, barras laterais, cockpits retráteis e outras artimanhas para salvar a vida de seus consumidores foram incorporadas aos veículos. Ao mesmo tempo, a velocidade e a potência dos carros foi aumentada para limites absurdos, colocando em risco a a coletividade.
Enquanto os engenheiros das montadoras não são obrigados a fazer estágios em seções de traumatologia de pronto-socorros durante algumas noites de sexta-feira, cabe às cidades reduzir o potencial destrutivo das máquinas.
Na foto acima, um exemplo de “traffic calming” em Portland: rotatórias em cruzamentos obrigam o motorista a reduzir a velocidade e prestar mais atenção ao atravessar a pista.
Integrar a bicicleta ao transporte coletivo é outra tendência mundial. Em Portland, as bicicletas são aceitas no trens, bondes (sim, eles também possuem os “atrasados” bondes) e até nos ônibus municipais, que possuem racks para levar duas bicicletas na frente.
Dar prioridade à bicicletas e pedestres é outro imperativo para as cidades modernas. O botãozinho acima serve tanto para pedestres quando para ciclistas. E por aqui eles funcionam, interrompendo o trânsito de motorizados para permitir a passagem das pessoas.
Portland também está implementando uma evolução dos botões que acionam os semáforos. Para transformar o sinal vermelho em verde, basta colocar a bicicleta sobre o desenho no solo e aguardar.
Os semáforos inteligentes acionados pelas rodas das bicicletas garantem a travessia rápida dos ciclistas, inclusive na “diagonal” de algumas ruas, como no exemplo abaixo.
A prioridade ao ciclista é máxima. Enquanto ele atravessa a rua, os motoristas de todos os lados do cruzamento aguardam.
A mais recente inovação cicloviária de Portland são os “bike boxes”, os “mais novos espaços verdes de Portland”, como diz a simpática placa acima.
Em alguns semáforos da cidade, uma faixa pintada de verde antes da travessia de pedestres coloca os ciclistas literalmente na frente dos carros, fazendo a alegria dos visitantes que participavam da conferência Towards Carfree Cities.
O pessoal do Streetfilms fez um vídeo bastante didático sobre os bike boxes de Portland.