Muito além das ciclovias

Existem inúmeras maneiras de adequar os espaços urbanos ao uso de bicicletas como meio de transporte. A construção de espaços humanos para pedestres e ciclistas não pressupõe rios de dinheiro como os que são consumidos pelo automóvel.

“Traffic calming” é um conceito que se espalha pelo mundo. Na tradução literal, “acalmar o trânsito”. Reduzir a velocidade e o poder letal dos carros é imperativo para que ciclistas e pedestres possam circular pelas cidades com segurança.

Durante décadas a máfia automobilística desenvolveu dezenas de dispositivos para proteger motoristas e passageis de automóveis: air bags, barras laterais, cockpits retráteis e outras artimanhas para salvar a vida de seus consumidores foram incorporadas aos veículos. Ao mesmo tempo, a velocidade e a potência dos carros foi aumentada para limites absurdos, colocando em risco a a coletividade.

Enquanto os engenheiros das montadoras não são obrigados a fazer estágios em seções de traumatologia de pronto-socorros durante algumas noites de sexta-feira, cabe às cidades reduzir o potencial destrutivo das máquinas.

Na foto acima, um exemplo de “traffic calming” em Portland: rotatórias em cruzamentos obrigam o motorista a reduzir a velocidade e prestar mais atenção ao atravessar a pista.

Integrar a bicicleta ao transporte coletivo é outra tendência mundial. Em Portland, as bicicletas são aceitas no trens, bondes (sim, eles também possuem os “atrasados” bondes) e até nos ônibus municipais, que possuem racks para levar duas bicicletas na frente.

Dar prioridade à bicicletas e pedestres é outro imperativo para as cidades modernas. O botãozinho acima serve tanto para pedestres quando para ciclistas. E por aqui eles funcionam, interrompendo o trânsito de motorizados para permitir a passagem das pessoas.

Portland também está implementando uma evolução dos botões que acionam os semáforos. Para transformar o sinal vermelho em verde, basta colocar a bicicleta sobre o desenho no solo e aguardar.

Os semáforos inteligentes acionados pelas rodas das bicicletas garantem a travessia rápida dos ciclistas, inclusive na “diagonal” de algumas ruas, como no exemplo abaixo.

A prioridade ao ciclista é máxima. Enquanto ele atravessa a rua, os motoristas de todos os lados do cruzamento aguardam.

A mais recente inovação cicloviária de Portland são os “bike boxes”, os “mais novos espaços verdes de Portland”, como diz a simpática placa acima.

Em alguns semáforos da cidade, uma faixa pintada de verde antes da travessia de pedestres coloca os ciclistas literalmente na frente dos carros, fazendo a alegria dos visitantes que participavam da conferência Towards Carfree Cities.

O pessoal do Streetfilms fez um vídeo bastante didático sobre os bike boxes de Portland.

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