Ciclocidade

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Na próxima quarta-feira, começa a nascer a Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo.

Fruto de conversas e articulações entre dezenas de ciclistas, a associação pretende ser “a voz de quem usa ou gostaria de utilizar a bicicleta no cotidiano”, ajudando a difundir a cultura da bicicleta e defendendo o interesse dos ciclistas.

O ato de fundação acontece amanhã (25/11), a partir das 19h, no Espaço Contraponto.

www.ciclocidade.org

Fiat lux

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[parte 2]

Três vidas

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fotos: willian cruz / vá de bike

No final de Setembro, a CET divulgou que o número de mortes no primeiro semestre deste ano havia sido menor do que no mesmo período do ano passado.

Números e pesquisas deste tipo costumam dançar ao sabor do maestro que escreve o release. O destaque na divulgação da informação foi a queda do número absoluto de mortos no trânsito de São Paulo.

A mesma pesquisa poderia dar origem a conclusões diferentes como “cresce o número de pedestres mortos”, “aumenta o respeito de motoristas a ciclistas” e até “congestionamento diminui número de motociclistas mortos”. Se fosse um site do governo federal, quem sabe a razão apontada seria a existência da chamada “lei seca”.

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Segundo os dados da CET, 741 paulistanos morreram no trânsito entre Janeiro e Junho de 2009. Entre os mortos, sejam eles motoristas, motociclistas, pedestres, ciclistas ou patinadores, não há nenhuma vítima que tenha sido atingida por um pedestre e muito provavelmente também é zero o número de pessoas que morreram por causa de um choque com uma bicicleta.

Entre os mortos computados pela CET está Márcia Regina de Andrade Prado, que completaria hoje 41 anos de vida. Márcia foi morta por um ônibus na avenida Paulista no começo de 2009. No primeiro semestre deste ano, 29 ciclistas tiveram suas vidas interrompidas (número 21% menor do que o mesmo período de 2008).

Pedestres, no entanto, são as maiores vítimas dos “acidentes” em número absoluto. Andar a pé em São Paulo se tornou estatisticamente mais letal na comparação com o mesmo período do ano anterior: 344 pedestres foram mortos no 1o semestre de 2009, contra 329 no mesmo período de 2008.

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fotos: willian cruz / vá de bike

As vidas de dois outros paulistanos não foram contadas na estatística divulgada em Setembro. Fernando Couto e Antonio Ribeiro foram mortos na manhã de 26 de Outubro, atingidos por um ônibus na Av. Robert Kennedy. Entrarão para a estatística do segundo semestre, junto com mais algumas centenas de paulistanos que apenas se deslocavam pela cidade.

O aumento do número de mortes de pedestres é um forte indicativo do desbalanço no funcionamento das ruas paulistanas, um “efeito colateral” inerente à sociedade que continua estimulando o automóvel e fazendo pouco ou quase nada pelas outras formas de deslocamento.

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Fernando, 32 anos, biólogo, usava a bicicleta para se transportar em São Paulo. Antonio, gari, 45 anos, era um pedestre experiente e provavelmente conciliava seus quilômetros de caminhadas no trabalho com o transporte público.

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Na manhã de sábado, 14 de Novembro, cerca de 100 pessoas entre familiares de Fernando, colegas de Antonio e dezenas de ciclistas prestaram uma homenagem às vítimas: uma bicicleta fantasma (ghost bike) e uma vassoura também pintada de branco foram instaladas no local. Um trecho do asfalto foi sinalizado com os dizeres “devagar” e “vidas”, um chamado à prudência dos motoristas.

relatos com fotos:
Ghost Bike de Fernando Couto – vá de bike
Quanto custa sua pressa? – ainda chego lá
Ciclista morto é homenageado com uma bicicleta fantasma – blog das ruas
Dia 14… 10 meses depois – psico ambiental
Uma ghost bike e uma ghost vassoura – Babikers
Manifestantes protestam contra a morte de dois pedestres na Zona Sul – Folha de SP

fotos:
aline
bruna tristão
ciclobr
claudio lins
pedalante

Nunca confie em uma cúpula

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Convocatória Internacional de Ação Climática*

* de: nevertrustacop / via a.n.a.

A catástrofe é real e a mudança climática é um dos seus vários sintomas. O slogan inevitável da COP 15, “evitar a crise climática global”, é um elaborado embuste para ocultar o verdadeiro propósito da reunião de cúpula: restaurar a legitimidade do capitalismo global, através da instituição da era do capitalismo “verde”. A nova retórica do “para evitar a mudança climática” justificará a repressão, as fronteiras fortificadas, as guerras coloniais pelos recursos naturais. É preciso vestir o Imperador com novas roupas. Nossa resposta a esta mentira é um NÃO firme e absoluto.

Será preciso mudar muito mais do que os nossos simples hábitos em tempo de ócio para sustentar o mundo nos tempos futuros. Seria muita tolice depositar as nossas esperanças nos mesmos que continuam a destruir o planeta por dinheiro. Em Copenhague, eles irão discutir como transformar a a biosfera em mercadoria para continuar a poluir, despejando milhões de pessoas de suas terras para extrair os lucros do que resta em nosso planeta. Governos e corporações não irão sacrificar seu crescimento para reduzir as emissões de carbono ou só aceitarão as reduções para criar um novo regime autoritário para continuarem mandando.

A retórica da “crise climática” e da “crise financeira” é uma manobra cínica dos administradores do Estado para negar a crise geral da auto-declarada civilização. A COP 15 será apenas uma tentativa de esconder a guerra que o capitalismo está travando contra todas as formas de vida no planeta. Uma guerra que se espalhou pelo planeta ao longo dos últimos 500 anos, atingindo inclusive os oceanos e a atmosfera.

No meio da guerra, não há tempo para falar de “gestão” ou de “soluções técnicas”. Não se pode lutar em uma guerra fingindo que a guerra não existe, permanecendo cego à repressão e se tornando cúmplice ao aceitar a falsa promessa de uma tranquilidade pequeno burguesa. Ao contrário, deve-se reconhecer o inimigo, definir uma posição e lutar.

Somente livrando-nos daqueles que dizem nos representar e derrotando a ideologia do crescimento econômico, da produção industrial e do consumo infinitos podemos assumir o controle de nossas vidas e do planeta.

É hora de declarar: atacaremos minuciosamente as estruturas que apóiam a COP 15. Irromperemos nas fileiras da sua polícia, recusaremos negociar com os governos beligerantes e os meios de comunicação “anexados” a estes; nos negaremos a acompanhar ONGs vendidas e todos os “gerentes de protesto”, rechaçaremos todos os governos e todas formas de decisões governamentais, não apenas os atuais governos.

É a hora de dizer por que pensamos que a insurgência é necessária para começar realmente a mudança pelas quais estamos tão desesperados. Através de um esforço conjunto em oposição contra os detentores do poder, podemos começar a enxergar a riqueza e as possibilidades existentes quando idéias, experiências e conceitos são compartilhados por pessoas de todas as partes do mundo.

Às brigadas internacionais!

É guerra social, não caos climático!

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Nota: o chamado acima não reflete integralmente a opinião deste blog, mas é o manifesto que até agora mais se aproxima da realidade sobre o que está em pauta na cúpla climática de Copenhague.

never trust a cop
Justiça climática: um imperativo civilizacional – ecoblogue
climate justice action

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E você, como foi de blecaute?

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Praça do Ciclista, 22h30

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Um pouco antes

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Um pouco depois

A semana: nuvens?

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“De acordo com meteorologistas, esse calor não é normal em Novembro. As máximas estão quase seis graus acima do normal. Segundo Augusto José Pereira Filho, professor de Ciências Atmosféricas da USP, o que explica a mudança são a poluição e a ocupação cada vez maior das áreas verdes.” – d’O Globo

Bike Hype: do Piauí ao Havaí

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revista piauí / mar adentro

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companhia brasileira de chinelos / foto: ciclobr

Pedalinas, novembro

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[pedalinas]

Bike hype

animação sobre arte d’osgemeos / mostra de cinema de sp