Para o meu amor passar

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foto: cc puck90

Primeiro foram os veículos de tração animal, proibidos de circular nas ruas da cidade em Abril de 2006.

Dois anos mais tarde, em 2008, uma grande campanha de criminalização dos caminhões começou a ser tocada pela Parceria Público Midiática (PPM). Dezenas de matérias foram publicadas e televisionadas responsabilizando o transporte de cargas pelo congestionamento na cidade. Na metade do ano passado, os malvados caminhões foram proibidos de circular na cidade durante o dia (transferindo o barulho para as madrugadas).

Os vilões deste ano já foram eleitos pela PPM: os ônibus fretados. Por decreto, a Prefeitura promete varrer do chamado centro expandido o transporte coletivo privado. A medida deve entrar em vigor a partir de 27 de Julho, apesar de enfrentar alguma resistência dentro da Câmara Municipal.

É certo que o fretamento de ônibus não é solução para a mobilidade urbana. Proibi-los de circular, menos ainda. A consequência é óbvia: grande parcela dos usuários de fretados irá utilizar automóveis particulares para ir ao trabalho, já que o transporte público coletivo passa longe dos adjetivos “convidativo”, “econômico”, “rápido” ou “confortável” (principalmente para aqueles que moram longe do centro expandido, exatamente os usuários dos fretados).

Nos jornais de ontem, a piada: um ano depois da proibição aos caminhões, a velocidade média do trânsito paulistano caiu 16% . Na novilíngua da carrocracia paulistana, esse dado ainda vai servir para legitimar a proibição aos fretados e, quem sabe, a pedestres, ciclistas, carroceiros, patinadores, skatistas… Tudo para o meu amor passar…

PS: este blog nutre profunda admiração pelos palhaços, mas acredita que os lugares mais indicados para o exercício deste nobre ofício continuam sendo circos, calçadas, praças ou teatros.

Só os outros congestionam

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