Sem líderes, sem heróis

Trecho de entrevista com Raquel Rolnik, indicada pela gira:

Revista Getulio: Sua tese de doutorado foi sobre a cidade e a lei. Tomando como exemplo os casos de Bogotá, na Colômbia, com Enrique Peñalosa, e de Curitiba, com Jaime Lerner, prefeitos carismáticos que deixaram um legado, qual é o papel da lei na criação de modelos acima da iniciativa de uma pessoa em querer mudar a cidade?

Raquel Rolnik: É importante lembrar que não teria acontecido a intervenção Jaime Lerner em Curitiba sem o plano diretor da cidade elaborado antes dele. Como também não teria acontecido a de Peñalosa em Bogotá sem o enorme esforço de planejamento feito antes na gestão do Antanas Mockus [prefeito de Bogotá de 1995 a 1997 e de 2001 a 2003].

Foi Antanas quem construiu a cultura do espaço público, quem investiu forte num planejamento orientado. Depois veio o Peñalosa e realizou outros investimentos na mesma direção. É modelar o processo de Bogotá, cidade que se transformou em algumas gestões, sob a liderança sucessiva de dois prefeitos, num contexto democrático e com participação da cidadania. Mas não existe projeto de uma única pessoa. Cidade é sempre produto coletivo, essa é sua natureza. Quem disser “eu fui autor de uma cidade” mente.”

A entrevista pode ser baixada na íntegra aqui.

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