Espelho ou lanterna?

A tirinha é do Malvados.

E um texto que recebi por email:

“Não ande de bicicleta!

A poderosa Rede Globo e muitos outros interesses difusos não querem que você escolha a bicicleta como meio de transporte no seu dia-a-dia.

Na última semana, entre 12 e 17 de maio, o Jornal Bom Dia Brasil e o Jornal Nacional, ambos da tevê Globo, apresentaram uma série de reportagens sob o título “Transporte nas nossas cidades – Problemas e Soluções”. E nos intervalos dos jornais, dezenas de anúncios de automóveis, gasolinas, pneus, amortecedores, lava – rápidos, estradas, seguros… (sic)

Políticos, autoridades e especialistas da área foram ouvidos para legitimar a matéria. Experiências de transportes coletivos em algumas cidades do Brasil, Europa e EUA também foram divulgadas para serem copiadas. No geral, abordagens superficiais que não botavam o dedo na ferida, maquiando e postergando um seriíssimo problema de ordem social, saúde, econômica e ambiental, que, tudo indica, não vai demorar muito para explodir.

Mas, o incrível, risível nas reportagens, levando em conta que atravessamos um hipócrita e cínico modismo verde, o desenvolvimento (in)sustentável, é que em nenhum momento a bicicleta foi apresentada como alternativa a “ditadura dos veículos motorizados”. Simplesmente esse meio de transporte foi esquecido, escondido. Propositalmente?

Cabe registrar ainda que, muito menos, o hábito primitivo e selvagem de andar, caminhar, foi mencionado nas matérias. Até parece que nossos pés não são mais um meio de transporte. Aliás, a última moda nos EUA é se locomover de “walk machine”, um tipo de patinete motorizado individual. Como o ser humano é imbecil! Ao invés de resolver os problemas, ele cria mais problemas numa progressão aritmética.

A coisa está tão absurda, que em muitos lugares do mundo, o fato de uma pessoa não possuir um carro, ela já é considerada pobre.

Essa série de reportagens da tevê Globo foi tão surreal, que em uma das entrevistas, numa avenida, um urbanista de Curitiba apontava essa cidade como modelo de transporte público de qualidade, e exatamente atrás dele aparecia uma placa com a mensagem “proibido andar de bicicleta”. Eu fiquei imaginando se aquela tomada foi feita intencionalmente. Será?

Frente ao caos do trânsito, do crítico transporte coletivo, do colapso iminente dos sistemas viários nas cidades, da crescente produção e circulação de veículos leves e pesados, da ocupação de espaços vitais, poluição do ar, entre outros fatores advindos da indústria automobilística, a única alternativa plausível é decretar uma moratória na fabricação de carros, efetivamente interromper essa caminhada que está levando o Planeta para a destruição.

Não há outra saída, remendos ou paliativos, é parar ou seguir motorizados até a morte. E tudo leva a crer que a opção dos governantes, grandes empresários, alimentados pela omissão da sociedade, é seguir pela estrada da morte. E pouco importa se vamos a pé, de bicicletas, carros “verdes” com autorização do Ibama, movidos com algum tipo de energia “limpa”, ou nos transportes públicos de “qualidade”… O mundo “modernizante” nos levará para o colapso, a morte! Já estamos indo…

Ah, por que será que o governo Lula, governos estaduais e municipais, concedem linhas de créditos, terrenos, benesses fiscais para a riquíssima indústria automobilística?

Por outro lado, alguém já viu algum político profissional, ou poderoso empresário, usar regularmente os transportes coletivos?

Putz, nem falei do transporte aéreo, marítimo… (sic)

Enfim… Viva a mediocridade! Viva a tapeação! Viva os cerca de 7 bilhões de habitantes da Terra!

Mas a Natureza se vingará, já está se vingando…”

Moésio Rebouças

O culpado da vez

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