Contra a propaganda automobilística

fora da linha

Texto de Sérgio Augusto no caderno “Aliás” de ontem:

“Proibir a comercialização de birita nas rodovias e dar um chega-pra-lá naqueles comerciais idiotas, que associam cerveja e outros drinques a praias, bundas e marombeiros, é, sem dúvida, um bom começo. Mas o problema é mais complexo. E quem beber além dos 50 metros da rodovia ou em casa, antes de pôr o pé na estrada? E por que não investir contra os comerciais de automóveis? Afinal de contas, eles só se preocupam com promover a potência dos motores, incentivando os machões do volante, que não são apenas aqueles que entornam antes de dirigir, mas também os abstêmios que cantam pneu no asfalto, ultrapassam sinais, participam de pegas e serpenteiam em alta velocidade por ruas e estradas, como se estivessem numa pista de Fórmula 1.

Nos últimos dez anos, 327.469 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Brasil. A média anual é de 35 mil mortos. São números de guerra, incrementados por motoristas alcoolizados (que, se for promotor, como Wagner Juarez Grossi, que no dia 7 matou um casal e uma criança, em Araçatuba, não vai preso), irresponsáveis com as costas largas (como o professor de educação física Paulo César Timponi, que apesar de envolvido na morte de três mulheres, num acidente em Brasília, beneficiou-se, na segunda-feira, de um habeas-corpus concedido pela desembargadora Sandra de Santis), e pela incúria dos órgãos públicos.”

Dirija fora da linha – Panóptico

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