Virada Cultural – lado A


As calçadas são estreitas, ocupa-se as ruas
Virada Cultural, São Paulo. Durante 24 horas, pessoas de todos os tipos resgatam o espaço público em atividades culturais e através da convivência nas ruas.

A Virada é um grande “reclaim the streets” institucional, realizado pela Prefeitura.

Alguns amigos argumentam que a política cultural do município tem se resumido a estes eventos anuais e que a cultura é usada a serviço do processo de gentrificação das camadas mais baixas da região central.

Não sei se é bem por aí. É claro que existem problemas na política cultural brasileira (incluído aí o município) e no processo de “revitalização” do centro, que expulsa os pobres para promover a especulação imobiliária e a adequação do espaço à funcionalidade capitalista.

Os problemas da cultura ou da “revitalização do centro” não estão na realização da Virada, mas sim na “não realização” ou na “não implantação” de outras atividades e políticas.

A Virada Cultura é extremamente “revolucionária” ao promover a convivência entre as pessoas em uma cidade que, a todo instante, segrega, estimula e confina seus habitantes.

A programação, como no ano passado, estava muito boa. O metrô funcionando 24 horas deixa sempre um gostinho de quero mais. As pessoas nas ruas, de todas as idades, raças e tipos conviveram em paz e aproveitaram a programação.

O clima de paz imperava nas ruas, mostrando que o ser humano, quando respeitado e valorizado, convive em paz e harmonia.

Minorias dispostas ao confronto eram, como sempre, minorias.

Se a atitude da polícia e de alguns espectadores durante o show dos Racionais foi lamentável, o problema não está na Virada Cultural, mas sim na polícia e no comportamento de alguns espectadores (mais sobre o assunto na próxima postagem).

Como foi dito no ano passado “tomara que o povo goste e resolva resgatar o espaço público todos os dias”.

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