Novos horizontes?

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Já faz algum tempo que toda “boa” promoção contempla os vencedores com automóveis. A nova campanha de assinaturas do Estadão seguiu a mesma linha.

O slogan “novos horizontes” é associado a idéia de liberdade. Tá certo, um carro realmente permite viagens longas em um país que asssassinou sua malha ferroviária a partir da década de 50.

No entanto, o uso do automóvel na cidade provoca efeito exatamente oposto: os horizontes de quem anda de automóvel são cada vez menores. O trânsito sufocante, o medo da violência, os vidros fechados, a blindagem e o insul-filme fazem com que as pessoas deixem de frequentar as ruas.

O horizonte de quem anda de carro são as placas, os semáforos e o congestionamento. Quem anda a pé, de bicicleta ou transporte público acaba indo muito além da visão através do para-brisa escurecido; interage com a rua, vive o desconhecido, descobre caminhos, ruas, lojas, praças e passa a conhecer muito melhor a cidade em que vive. Isso sim são novos horizontes em tempos de clausura paranóica, das câmeras de vigilância, da poluição, dos alarmes e do medo.

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