EcoSport – destrua a vida

ecosport

Como diria aquela máxima da propaganda: uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Ué, mas esta frase não é de Joseph Goebbels, nazista alemão responsável pela propaganda de guerra? Sim, mas nos tempos orwellianos do século XXI, “guerra é paz” e a paz (ou a guerra) é a paz de mercado. A democracia não é mais para as pessoas, mas sim para o mercado. Liberdade? Só para os produtos, pois os empregados indonésios ou mexicanos da Nike continuam proibidos de imigrar para os EUA, onde fica a sede da empresa.

Tenho um olhar seletivo para a propaganda. Seletivo quer dizer: mudo de canal ou deixo no “mudo” durante os comerciais, pulo sem ver as páginas de anúncios em jornais e revistas, devolvo aos Correios propaganda indesejada dizendo que o destinatário faleceu e simplesmente não presto atenção em outdoors (prefiro ver as árvores ou as expressões de tédio dos motoristas).

Mas uma matéria do Estadão (02.mai.2005, p. b12) trazia a seguinte manchete: “O vale-tudo das montadoras para conquistar o consumidor”. Passei a procurar propagandas de automóveis. São tão bizarras quanto as de cigarro que existiam antigamente. Enquanto o cigarro mostrava pessoas jovens, bonitas e praticantes de esporte, os automóveis são anunciados como a salvação moderna, trazendo conforto, segurança e prazer, além de uma forma rápida de conquistar mulheres maravilhosas como símbolo de status e glamour.

Decidi criar uma nova seção no site: “Compre! Congestione! Polua!”, dedicada aos gênios goebbelianos do marketing moderno. Pra começar, uma homenagem à nossa querida Ford, que criou uma máquina poluidora chamada “EcoSport” e ainda tem a cara de pau de colocar como slogan “bem vindo à vida”. Como sabemos, os automóveis (e seus motoristas) paulistanos são responsáveis pela morte de 1500 pessoas por ano diretamente em acidentes de trânsito. Isso para não falar nas vítimas indiretas do sedentarismo, da poluição, do estresse e da baixa qualidade de vida.

22 Comments