Naked corking

“Corking” é a palavra usada para descrever o pedido de licença que os ciclistas fazem ao trânsito motorizado durante as massas críticas.

Parados na frente dos carros, seguram o trânsito para que a massa de bicicletas passe.

No último sábado, durante a pedalada dos pelados, conheci o “naked corking” aqui em Portland.

Pelados em Portland

Enquanto a polícia paulista mostrava mais uma vez o quanto a sociedade brasileira é vergonhosa, abusando de truculência e usando armas químicas para atrapalhar o primeiro World Naked Bike Ride de São Paulo, na cidade de Portland (EUA), mais de 1500 pessoas pedalaram nuas na noite de ontem (sábado).

Em São Paulo, prevaleceu o falso moralismo hipócrita. Bundas na televisão às 3 da tarde, erotização de crianças de manhã e churrascos de domingo regados à “danças do créu” pode. Usar o corpo para expressar liberdade, não pode.

Em Portland, a noite gelada (menos de 10 graus) só ajudou a movimentar a massa pelas ruas. Quem não participou, aplaudiu. Pedestres e até motoristas com mãos estendidas para fora dos carros cumprimentavam os ciclistas passantes. “Great ride!”, “thank you!” e “beautiful” foram algumas palavras gritadas para a massa por quem estava no caminho da massa.

A experiência emocionante fez parte do meu primeiro dia em Portland. Estou aqui para  participar da conferência Towards Carfree Cities 2008, que acontece até o final da semana. Assim como no ano passado, durante os próximos 15 dias o blogue deve virar uma espécie de diário de viagem das cidades (im)possíveis ao redor do planeta.

Assim que der, publico um videozinho do World Naked Bike Ride em Portland. Agora o sol brilha e é hora de dar uma volta pela cidade, que é linda.

I World Naked Bike Ride São Paulo – fotos, vídeos e relatos

Como tirar a roupa

Amanhã é dia de World Naked Bike Ride, a bicicletada d@s pelad@s. Para nos tornarmos visíveis no trânsito, contra a dependência do petróleo, a favor da convivência humana e pelo fim da sem-vergonhice que é uma cidade dominada pelo automóvel.

Segue abaixo a tradução livre de Leonardo Cuevas do texto “Si ésta es tu primera ciclonudista” (dica do Laércio, na lista da Bicicletada).

“SE ESTA É A SUA PRIMEIRA WORLD NAKED BIKE RIDE (WNBR)…

1- Um… dois.. e… três! Tirar a Roupa!

1.1- Vou me despir com este corpo?

Acho que sim, não creio que haja tempo útil para comprar um novo corpo nas liqüidações de temporada, não há outra solução senão utilizar o que temos, mesmo não gostando dele completamente. Ainda bem que não todo mundo pode ser top-model ou Mr. Universo. Eles são uma minoria cujos corpos são ferramentas de trabalho conseguidas muitas vezes às custas da saúde e um bom “Fotochopps ;-)” nas revistas.

O resto é o que vemos a diário no espelho, ou nas praias e piscinas. Nús gloriosos, cheios de traços únicos e profundamente pessoais que nos diferenciam de uma vulgar “top” Desnudos gloriosos, llenos de rasgos únicos y rotundamente personales que nos diferencian de una vulgar “top” ou um “Mr.” medíocre. Já é hora de elogios para nós mesmos né? Se uma ruga é bela, e é, os pneuzinhos não são menos sublimes.

1.2- Mas como vou me despir no meio da rua? Não é tão fácil…

…Nem tão difícil. O segredo, que nem nas pizzas, está na massa. Se há uma massa de cidadãos tirando a roupa juntos, fica incrívelmenet fácil. O que para uma pessoa é impossível por vergonha e medo, fica facílimo e divertido ao ser feito em conjunto, num ambiente de festa e simpatia.
E ninguém se sente observado por ninguém; se ficarmos nús num grupo de pessoas nuas, os tabús desaparecem como por arte de mágica e vemos nossa pele e a dos outros com a mesma naturalidade que observamos um corpo coberto por peças de roupa.

1.3- O que vai dizer o pessoal ao me ver assim?

Dizer, pouca coisa. O normal é que o pessoal bata palmas e dedique entusiastas gritos de ânimo. Deixa que te admirem. Também ninguém vai dedicar muito tempo em tentar te reconhecer: a uma certa distância é difícil distinguir dentro do conjunto de WNBRrs o rosto de uma pessoa; e se o grupo for muito numeroso fica difícil até distinguir homens de mulheres, a própria quantidade de WNBRrs e a posição que levamos na bike gera uma imagem homogenea. No meio do grupo é mais fácil ser identificado pela bicicleta que pelo corpo (por que então tanta dieta e academia…?). E se você tem verdadeiro interesse em preservar o anonimato, uma máscara de médico, dentista, pintor te fará irreconhecível. Muitos pessoas que pedalam as utilizam no cotidiano para não respirar a fumaça dos carros.

2- Quando o Sol esquenta

2.1- Eu aplico creme em você e você em mim

O sol esquenta de verdade. Ao acontecer a WNBR a pleno sol, é necessário o uso de protetor solar adeqüado ao nosso tipo e cor de pele. Melhor colocar um pouco mais que o normal já que a duração do passeio é indeterminada. Você pode passar o protetor antes de sair de casa ou ao se despir. Sem molhar o corpo, a proteção ressiste por três horas, ou mais.

2.2- Sol aqui e acolá, pintando os corpos

Há WNBRrs que enfeitam seus corpos com desenhos chamativos e frases reivindicativas… e ficam com eles estampados na pele até o verão, pois a tinta age como filtro solar. O resto da pele fica exposto à ação dos raios “Ultra-violentos ;-)” e bronzeia-se (ou queima-se) deixando a marca dos desenhos. A solução é passar o protetor solar antes da pintura. Nada somos sem um creminho.

3- A cabeça também é WNBRr?

WNBR é andar de bicicleta sem roupa, mas há complementos que não são necessariamente ‘roupa’ e que resultam altamente recomendáveis por motivos de saúde e segurança: básicamente chapéu para se proteger do sol (ou capacete para que use) e calçado. Se não possui alforjes, leve uma mochila para guardar a roupa, documentos, etc. A roupa mais apropriada para WNBR é aquela que permita ser colocada e retirada em poucos segundos: vestes largas que não
grudem no corpo nem se enganchem por exemplo no calçado, já que colocar e tirar os sapatos é lento e embaraçoso na rua.

4- Qualquer um pode subir na bicicleta.

4.1- O que é esse negócio preto?

Esse negócio preto e o seu selim. O selim de toda uma vida. Agora você vê ele com outros olhos, parece que vai morder exatamente onde você está pensando, mas não vai. É confortável como sempre foi, só precisará ter um cuidado adicional ao montar nele. Trate-o com delicadeza e ele cuidará o que você tem de mais frágil. O bico parece mais afiado do que você pensava, mas não tem nada não, não se trata de um estuprador ou castrador. Em cinco minutos nem lembrará dele.

4.2- @#%* de bicicleta! Tinha que quebrar bem agora?

Talvez ela queria também um pouco de atenção. Leve na bagagem algumas ferramentas e kit remendo de pneu. Não é necessário levar a oficina nas costas; basta alguma chave para apertar aqueles parafusos inconvenientes (pequenas multi-ferramentas nessa hora são um mão na roda, literalmente. Existem também aqueles sprays de espuma de latéx para pneus furados. Se a avaria é coisa demorada, e existe o risco de ficar para trás, o melhor será colocara roupa e, com mais tranquilidade, consertar a bike. Com sorte dá para alcançar o pessoal novamente, se despir e continuar curtindo. Além do mais, no meio de tanta bicicleta, sobrarão amigos para consertar a nossa avaria.

4.3- Pedalando e Peladando

Não é a volta Ciclística de São Paulo. O ritmo da pedalada é bem lento, não é uma corrida e sim uma passeata. Vamos aparecer, embora pareça mentira, não somos invisíveis. Na frente do grupo haverá alguém marcando o rumo e o ritmo, não há mais preocupação do que manter o ritmo e manter o grupo unido. Se vai tirar fotos, não perca contato com o grupo e não fique muito longe na frente, isto poderá fragmentar a WNBR e deflagar um pequeno ou grande caos. Provávelmente havera participantes de roupa (sunga ou bikini). Convide-os a ficar mais para trás no grupo: Já que é WNBR, tem que aparecer os WNBRs sem roupa, respeitando quem está nú para passar nossa mensagem de como nos sentimos frente ao tránsito motorizado.

5- Tudo que você queria perguntar sobre sexo, e não tinha coragem de perguntar

5.1- É grave, Doutor?

Não, em absoluto. Participar da WNBR não causa impotência nem esterilidade, apenas embeleza nossos corpos com o exercício, o sol, o ar livre e as palmas do respeitável público.

5.2- O fio da meada (só mulheres)

Mulher, não tem nada não. Imagine um grupo de ciclistas em trajes de Eva e Adão, circulando pelo centro da cidade. Ninguém no público nem entre os WNBRs vai reparar nesse pedacinho de fio do absorvente.

5.3- Eleições (só homens)

Você pode ter pensado: “se surgir uma ereção? cómo agir? Não poderei ocultá-la, vão pensar que sou um tarado, fora a chacota…” Não tem essa. Embora rodeado de corpos nus, pensar em ficar excitado é quase ciência ficção. No grupo de WNBRs, num lugar tão insôlito quanto a via pública, frente a atônitos cidadãos, sentado num selim e pedalando, é garantia de castidade. Nem mesmo querendo, não vai.

6- Até aí Tudo está beleza mas…

6.2- Só isso?

Não, isto não é nada: o melhor está ainda por vir, será quando você esteja pedalando livre, em todos os sentidos, pelas ruas da sua cidade. Não vai querer que acabe!

Galeria

A imagem acima está na galeria de belas imagens coletadas pelo Die-go, disponível aqui.

Se você utiliza o navegador Firefox, vale a pena instalar o “add-on” DownThemAll. Com apenas um clique, você faz o download de todos os arquivos disponíveis em uma página.

Bicicletada pelada

Por que pedalar nu? Porque é como os ciclistas se sentem disputando espaço com os veículos motorizados. Enquanto os motoristas estão protegidos de todos os lados por freios ABS, airbags, cintos de segurança, barras de proteção lateral, nós só contamos com a esperança de sermos vistos e respeitados.

Entre os que pilotam máquinas perigosas que pesam toneladas, existem os que não conseguem enxergar a vida por trás do pára-brisa. Mesmo que ciclistas usem luzes, roupas coloridas, capacetes espalhafatosos, muitos insistem em ignorar o nosso direito de ir e vir.

Mas e pelados? Será que assim seremos vistos?

O World Naked Bike Ride acontece em diversas cidades ao redor do mundo e nesse ano São Paulo também terá a sua versão. Você que também se sente nu pedalando no trânsito de São Paulo, venha até a Praça do Ciclista e faça parte da Massa Crítica.

Não é obrigatório ficar nu, o lema é “O quão nu você ousar”. Não quer tirar a roupa? Pode pedalar também, venha e divirta-se como todos que lá estarão.

Em caso de chuva o evento está automaticamente CONFIRMADO, pois até na chuva andar de bicicleta é mais gostoso.

.::. World Naked Bike Ride 2008 .::.São Paulo.::.

:. sábado (14/06)
:. Praça do Ciclista: av. Paulista, alt. do 2440 (mapa)

:. concentração lúdico-educativa: 12h00 para a pintura dos corpos e preparação das alegorias. Traga pincéis atômicos, tintas não tóxicas, pinturas de palhaço, faixas. Seja criativo!

:. pedal pela cidade para humanizar o trânsito: 14h00

são paulo – mais informações
mundo – site 1
mundo – site 2

Guia ilustrado da bicicletada – Roma – Andiamo alla spiaggia

foto: simone putzolu

A Massa Crítica é um movimento mundial de resgate do espaço público, promoção do transporte inteligente e contestação do paradigma de locomoção insustentável baseado no automóvel. No Brasil ela se chama Bicicletada.

Trata-se de uma iniciativa horizontal, sem líderes ou organizadores. Um encontro “espontâneo”,  uma coincidência combinada de pessoas que ocupam as ruas de suas cidades,  geralmente na última sexta-feira de cada mês.

foto: Chris Carlsson

Noi siamo il traffico!

Em diversas cidades italianas acontece a Massa Crítica. Em Roma, além dos encontros mensais, uma vez por ano acontece a Massa Critica Interplanetária (ou Ciemmona).

No último final de semana de maio, além da bicicletada de sexta-feira, os romanos resgatam as ruas no sábado para ir até a praia. Sim: depois de pedalar cerca de 30 km desde a Piazza San Giovanni, os romanos dão um mergulho no balneário de Ostia, passam a noite na praia e voltam  para casa no domingo.

A última edição do “bate-e-volta” romano aconteceu no final de maio e reuniu mais de 600 pessoas. Entre elas, Chris Carlsson, lendário participante do Critical Mass de São Franciso, que postou três textos e ótimas fotos sobre a Massa Crítica Interplanetária em seu blogue.

Tutti al mare!

site da ciemmona 2008
relatos, fotos e vídeos no Nowtopian (Chris Carlsson): [1], [2], [3], [4], [5]
foto, video e resoconto nel blog di Alessio
máquina de pintar ciclofaixa – [1],[2]
fotos no flickr
fotos no picasa
slideshows: [1], [2], [3]
vinheta de divulgação

vídeos:
em 3 partes: [1], [2], [3]
concentração – piazza san giovanni: [1], [2]
bicicleta sonora
tandem sonora
la galleria (túnel): [1], [2]
tangenzialle (estrada): [1], [2], [3]
il cavallo e il professore
outros: [1], [2], [3], [4]

Ontem foi dia internacional do meio ambiente…

… e hoje também pode ser.

o tamanho da pegada
a história das coisas

Ciclistas existem

autor desconhecido / encontrada por Rafael Slonik

“Por favor sr(a). Motorista, você pode tomar conta de mim?”

A razão é simples:

Por isso, Sr(a). Motorista:

teste de atenção
cartaz para mochilas
panfleto para motoristas desatentos
look nyc (campanha em Nova Iorque)

Ecosport – o legítimo

Placa para bicicletas feita e usada pelo André Pasqualini na última bicicletada de SP. Disponível para download em formato .eps no disco virtual.

Guia ilustrado da bicicletada – Curitiba

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Sx7_rr67-bg]

video: igor abreu