Como tirar a roupa

Amanhã é dia de World Naked Bike Ride, a bicicletada d@s pelad@s. Para nos tornarmos visíveis no trânsito, contra a dependência do petróleo, a favor da convivência humana e pelo fim da sem-vergonhice que é uma cidade dominada pelo automóvel.

Segue abaixo a tradução livre de Leonardo Cuevas do texto “Si ésta es tu primera ciclonudista” (dica do Laércio, na lista da Bicicletada).

“SE ESTA É A SUA PRIMEIRA WORLD NAKED BIKE RIDE (WNBR)…

1- Um… dois.. e… três! Tirar a Roupa!

1.1- Vou me despir com este corpo?

Acho que sim, não creio que haja tempo útil para comprar um novo corpo nas liqüidações de temporada, não há outra solução senão utilizar o que temos, mesmo não gostando dele completamente. Ainda bem que não todo mundo pode ser top-model ou Mr. Universo. Eles são uma minoria cujos corpos são ferramentas de trabalho conseguidas muitas vezes às custas da saúde e um bom “Fotochopps ;-)” nas revistas.

O resto é o que vemos a diário no espelho, ou nas praias e piscinas. Nús gloriosos, cheios de traços únicos e profundamente pessoais que nos diferenciam de uma vulgar “top” Desnudos gloriosos, llenos de rasgos únicos y rotundamente personales que nos diferencian de una vulgar “top” ou um “Mr.” medíocre. Já é hora de elogios para nós mesmos né? Se uma ruga é bela, e é, os pneuzinhos não são menos sublimes.

1.2- Mas como vou me despir no meio da rua? Não é tão fácil…

…Nem tão difícil. O segredo, que nem nas pizzas, está na massa. Se há uma massa de cidadãos tirando a roupa juntos, fica incrívelmenet fácil. O que para uma pessoa é impossível por vergonha e medo, fica facílimo e divertido ao ser feito em conjunto, num ambiente de festa e simpatia.
E ninguém se sente observado por ninguém; se ficarmos nús num grupo de pessoas nuas, os tabús desaparecem como por arte de mágica e vemos nossa pele e a dos outros com a mesma naturalidade que observamos um corpo coberto por peças de roupa.

1.3- O que vai dizer o pessoal ao me ver assim?

Dizer, pouca coisa. O normal é que o pessoal bata palmas e dedique entusiastas gritos de ânimo. Deixa que te admirem. Também ninguém vai dedicar muito tempo em tentar te reconhecer: a uma certa distância é difícil distinguir dentro do conjunto de WNBRrs o rosto de uma pessoa; e se o grupo for muito numeroso fica difícil até distinguir homens de mulheres, a própria quantidade de WNBRrs e a posição que levamos na bike gera uma imagem homogenea. No meio do grupo é mais fácil ser identificado pela bicicleta que pelo corpo (por que então tanta dieta e academia…?). E se você tem verdadeiro interesse em preservar o anonimato, uma máscara de médico, dentista, pintor te fará irreconhecível. Muitos pessoas que pedalam as utilizam no cotidiano para não respirar a fumaça dos carros.

2- Quando o Sol esquenta

2.1- Eu aplico creme em você e você em mim

O sol esquenta de verdade. Ao acontecer a WNBR a pleno sol, é necessário o uso de protetor solar adeqüado ao nosso tipo e cor de pele. Melhor colocar um pouco mais que o normal já que a duração do passeio é indeterminada. Você pode passar o protetor antes de sair de casa ou ao se despir. Sem molhar o corpo, a proteção ressiste por três horas, ou mais.

2.2- Sol aqui e acolá, pintando os corpos

Há WNBRrs que enfeitam seus corpos com desenhos chamativos e frases reivindicativas… e ficam com eles estampados na pele até o verão, pois a tinta age como filtro solar. O resto da pele fica exposto à ação dos raios “Ultra-violentos ;-)” e bronzeia-se (ou queima-se) deixando a marca dos desenhos. A solução é passar o protetor solar antes da pintura. Nada somos sem um creminho.

3- A cabeça também é WNBRr?

WNBR é andar de bicicleta sem roupa, mas há complementos que não são necessariamente ‘roupa’ e que resultam altamente recomendáveis por motivos de saúde e segurança: básicamente chapéu para se proteger do sol (ou capacete para que use) e calçado. Se não possui alforjes, leve uma mochila para guardar a roupa, documentos, etc. A roupa mais apropriada para WNBR é aquela que permita ser colocada e retirada em poucos segundos: vestes largas que não
grudem no corpo nem se enganchem por exemplo no calçado, já que colocar e tirar os sapatos é lento e embaraçoso na rua.

4- Qualquer um pode subir na bicicleta.

4.1- O que é esse negócio preto?

Esse negócio preto e o seu selim. O selim de toda uma vida. Agora você vê ele com outros olhos, parece que vai morder exatamente onde você está pensando, mas não vai. É confortável como sempre foi, só precisará ter um cuidado adicional ao montar nele. Trate-o com delicadeza e ele cuidará o que você tem de mais frágil. O bico parece mais afiado do que você pensava, mas não tem nada não, não se trata de um estuprador ou castrador. Em cinco minutos nem lembrará dele.

4.2- @#%* de bicicleta! Tinha que quebrar bem agora?

Talvez ela queria também um pouco de atenção. Leve na bagagem algumas ferramentas e kit remendo de pneu. Não é necessário levar a oficina nas costas; basta alguma chave para apertar aqueles parafusos inconvenientes (pequenas multi-ferramentas nessa hora são um mão na roda, literalmente. Existem também aqueles sprays de espuma de latéx para pneus furados. Se a avaria é coisa demorada, e existe o risco de ficar para trás, o melhor será colocara roupa e, com mais tranquilidade, consertar a bike. Com sorte dá para alcançar o pessoal novamente, se despir e continuar curtindo. Além do mais, no meio de tanta bicicleta, sobrarão amigos para consertar a nossa avaria.

4.3- Pedalando e Peladando

Não é a volta Ciclística de São Paulo. O ritmo da pedalada é bem lento, não é uma corrida e sim uma passeata. Vamos aparecer, embora pareça mentira, não somos invisíveis. Na frente do grupo haverá alguém marcando o rumo e o ritmo, não há mais preocupação do que manter o ritmo e manter o grupo unido. Se vai tirar fotos, não perca contato com o grupo e não fique muito longe na frente, isto poderá fragmentar a WNBR e deflagar um pequeno ou grande caos. Provávelmente havera participantes de roupa (sunga ou bikini). Convide-os a ficar mais para trás no grupo: Já que é WNBR, tem que aparecer os WNBRs sem roupa, respeitando quem está nú para passar nossa mensagem de como nos sentimos frente ao tránsito motorizado.

5- Tudo que você queria perguntar sobre sexo, e não tinha coragem de perguntar

5.1- É grave, Doutor?

Não, em absoluto. Participar da WNBR não causa impotência nem esterilidade, apenas embeleza nossos corpos com o exercício, o sol, o ar livre e as palmas do respeitável público.

5.2- O fio da meada (só mulheres)

Mulher, não tem nada não. Imagine um grupo de ciclistas em trajes de Eva e Adão, circulando pelo centro da cidade. Ninguém no público nem entre os WNBRs vai reparar nesse pedacinho de fio do absorvente.

5.3- Eleições (só homens)

Você pode ter pensado: “se surgir uma ereção? cómo agir? Não poderei ocultá-la, vão pensar que sou um tarado, fora a chacota…” Não tem essa. Embora rodeado de corpos nus, pensar em ficar excitado é quase ciência ficção. No grupo de WNBRs, num lugar tão insôlito quanto a via pública, frente a atônitos cidadãos, sentado num selim e pedalando, é garantia de castidade. Nem mesmo querendo, não vai.

6- Até aí Tudo está beleza mas…

6.2- Só isso?

Não, isto não é nada: o melhor está ainda por vir, será quando você esteja pedalando livre, em todos os sentidos, pelas ruas da sua cidade. Não vai querer que acabe!

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