foto: fourier
Em 2006, 84 ciclistas morreram nas ruas de São Paulo. Somados às centenas de pedestres, motociclistas e alguns motoristas, o número de vidas perdidas chegava à média de 1500 por ano (antes do “boom motorizado” de 2007 e 2008).
Todas as vítimas estavam apenas indo de um lugar para o outro. Não foram vítimas de atentado, crime ou má intenção de seu algoz, apenas morreram “acidentalmente”, um efeito colateral das maravilhas do motor.
Os números mais recentes de ciclistas mortos não são conhecidos, não estão em nenhum site oficial ou matéria de jornal.
O crescimento do número de mortos em indicadores famosos, como as mortes nas estradas em vésperas de feriados, leva à conclusão que o número de ciclistas mortos a cada ano está crescendo junto com o número de veículos motorizados que entram em circulação.
Até porque as políticas de restrição ao impacto causado pela motorização não mudaram quase nada desde 2006.
Os limites de velocidade seguem absurdos, a impunidade não deixou de vigorar e o foco das autoridades e planejadores continua sendo arrumar espaço para os carros, e não garantir os direitos das pessoas.
Av Água Espraiada, suas 10 pistas e o limite de velocidade anti-humano.
Aqui jaz uma cidade.
“Vítima de seus habitantes, dos interesses das elites locais e internacionais, da corrupção, dos motores e do pouco caso com os recursos naturais, morreu em 10 de maio de 2008 a cidade de São Paulo.
Neste mausoléu cercado por bunkers de concreto e aço, vigiados por câmeras de segurança e de tevê, aromatizado pelo chorume dos nossos dejetos, foi enterrado o último elo de ligação com os princípios da convivência, diversidade, paz e equilíbrio com a natureza. Fracassamos.”
Concentração no estilingão.
Era cedo. Esperamos, mas nada dos carros.
Depois eles começaram a passar
Lamentamos.
Parou.
Panfletamos.
foto: andré
E pedalamos.
foto: andré
Até a Praça.
foto: andré
De volta pra casa, escapando das máquinas desgovernadas. Noites selvagens são mais freqüentes às sextas, sábados ou vésperas de feriado.
A não existência do transporte coletivo durante a noite cria duas situações já banalizadas: o confinamento proposital das periferias para “além-rios” e a transformação das ruas em locais de velocidade e morte.
Quem tem carro pode sair de casa nas noites de São Paulo. Quem não tem, deve voltar cedo para casa ou esperar até o dia seguinte. Afinal, as ruas são muito perigosas, cheias de acidentes acontecendo em cada esquina.
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