O fim já começou

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Quanto tempo ainda nos resta até o congestionamento final, até o dia em que a cidade vai parar para nunca mais andar?

Quantas linhas de metrô serão prometidas em época eleitoral e nunca construídas até que este dia chegue?

Quantos quilômetros de ciclovias ou de corredores de ônibus serão colocados no papel para jamais sair das gavetas e escaninhos de repartições públicas e privadas?

Quantas notícias sobre mortos e feridos em “acidentes” de trânsito? E quantos páginas ocupadas por anúncios de final de semana prometendo liberdade, status e poder em uma bolha metálica de duas toneladas?

Quantos vidros serão escurecidos pela indústria do medo enquanto milhares de assassinatos são cometidos por quem está dentro das bolhas?

Quantos consultores e especialistas em trânsito emitirão sábias opiniões para solucionar o “trânsito” sem tocar nas causas do problema?

Quantas horas e vidas serão perdidas até que a redenção do congestionamento final faça com que os paulistanos percebam que não existe solução individual para problemas coletivos?

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A julgar pelo final de ano em São Paulo, este dia está cada vez mais próximo. Dirigir para comprar, comprar para dirigir. O fim (do ano) se aproxima. Muitos morrerão até lá, moto-embriagados ou vítimas de assassinos que pagam cestas básicas e se livram dos crimes cometidos.

No dia final, morrerão todos de tédio em seus bancos de couro, com DVD players mostrando vídeos pasteurizados dentro de bolhas refrigeradas. Sozinhos, sem largar a propriedade privada comprada à vista ou em 99 prestações.

Quem sabe neste dia o caminho será aberto para quem nunca dependeu de cápsulas segregacionistas sobre quatro rodas para se locomover ou para aqueles que anseiam por novos paradigmas urbanos para a vida humana.

Se tiver que ser assim, que seja. Que este dia venha logo, para que as crianças possam brincar nas ruas, para que idosos possam caminhar pelas calçadas, para que todos os seres humanos possam experimentar a cidade de todas as formas, livres da opressão, do barulho e da violência motorizada.

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