Andre Gorz: fev.1923 – 24.set.2007

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reprodução: CarBusters

“O que tem de pior nos carros é serem como castelos ou mansões à beira do mar: bens luxuosos inventados para o prazer exclusivo de uma minoria muito rica, os quais em concepção e natureza nunca foram direcionados para o povo. Ao contrário do aspirador de pó, do rádio, ou da bicicleta, que retêm seu valor de uso quando todos possuem um, o carro, como uma mansão à beira do mar, é somente desejável e útil a partir do momento que as massas não têm um.

Por isso, tanto em concepção quanto na sua finalidade original o carro é um bem de luxo. E a essência do luxo é a de que ele não pode ser democratizado. Se todos puderem ter o luxo, ninguém obtém as vantagens dele. Do contrário, todos logram, enganam e frustram os demais, e é logrado, enganado e frustrado por sua vez.”

Primeiro parágrafo de “A ideologia social do carro a motor”, texto do filósofo austríaco Andre Gorz, morto ontem, em Vosnon (França).

“A ideologia social do carro a motor” é um dos textos contidos na coletânea “Apocalipse Motorizado”, livro organizado por Ned Ludd que segue como referência em língua portuguesa para a luta contra as bolhas segregacionistas que roubam espaço público.

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