Foi inaugurado pelo governo do Estado o primeiro bicicletário em uma estação do Metrô, a simbólica Guilhermina-Esperança, na zona Leste da capital.
Parabéns aos responsáveis pela iniciativa, que conseguiram superar o discurso que limita o planejamento cicloviário à construção de ciclovias. Permitir o estacionamento de bicicletas e integrar os ciclistas ao transporte coletivo é extremamente pertinente em uma cidade do tamanho de São Paulo.
Ainda que a construção de ciclovias seja muito importante, especialmente em vias de fluxo intenso, um planejamento cicloviário decente vai muito além.
Favorecer o transporte por bicicletas não é apenas segregar o ciclista em seu deslocamento, até porque é impossível criar vias exclusivas na cidade inteira. As ciclovias devem estar conectadas com rotas cicloviárias e ciclofaixas, não deixando de lado a existência de locais para estacionamento e a integração com o transporte coletivo.
Favorecer o transporte por bicicletas também passa pela educação, inserindo o respeito a pedestres e ciclistas nos cursos de formação de condutores, desenvolvendo campanhas educativas permanentes e também punindo os infratores.
O Código de Trânsito diz que a bicicleta é um veículo como outro qualquer, com circulação preferencial nas vias sobre os demais veículos. Os motoristas devem reduzir a velocidade e manter distância lateral de 1,5m ao ultrapassar ciclistas.
Não existe, no entanto, nenhum registro de multa aplicada para esta infração e as justificativas não convencem. Também são raras, se não inexistentes, as multas aplicadas para quem ameaça ou desrespeita pedestres ou para quem não usa a seta ao fazer conversões.
Quando as infrações que visam proteger as pessoas começarem a fazer parte do cardápio dos agentes de trânsito, teremos ruas mais seguras para todos. Enquanto a prioridade for manter o “bom” andamento do fluxo motorizado, seguiremos acreditando que a solução é isolar a vítima, e não reduzir a ameaça.
Para enfrentar os motorizados, alguns Guardas Municipais em motocicletas fizeram a escolta dos ciclistas.
As calçadas encontram-se em péssimo estado de conservação, com buracos, cacos de vidro e sujeira de todos os tipos. As faixas de pedestre estão distantes umas das outras (uma delas fica a mais de 1,5km do ponto de ônibus). Os tempos dos semáforos seguem a lógica paulistana: não atrapalhar o trânsito; ficam abertos durante alguns segundos para os pedestres e uma infinidade de tempo para os motorizados.
5 Comments