Lixo e publicidade

Redundância ou pleonasmo?

Quem anda a pé pela avenida Paulista notou que centenas de lixeiras parecem ter brotado ao longo dos 2,7km de calçadas esburacadas.

A concentração de lixeiras em alguns pontos faz o pedestre suspeitar de alguma experiência antropológica, um estudo para ver se o cidadão joga o lixo no lixo quando a cidade dispõe de estruturas adequadas (ou em excesso).

Segundo a subprefeitura da Sé, o fato não está relacionado com estudos acadêmicos. Com dinheiro público, foram instaladas 200 novas lixeiras de um lote de 5 mil previstas para a região central.


Será que banca de jornal tem braços?

Ainda que a disposição de algumas lixeiras seja duvidosa e muitas vezes, digamos, redundante, a iniciativa seria muito bem-vinda…

Seria, pois uma pulga resiste atrás da orelha quando relacionamos as lixeiras da Paulista com outro projeto de “limpeza” em curso na cidade: o programa “Cidade Limpa”, que visa remover a publicidade em outdoors e (adivinhe) instalá-la apenas no mobiliário urbano da capital.

O programa “Cidade Limpa” tem duas etapas. A primeira, em vigor desde o começo do ano, pretende remover a publicidade exterior de outdoores e fachadas. A segunda, que já começou a ser discutida, irá privatizar todo o mobiliário urbano da capital, oferecendo-o a uma empresa de grande porte (provavelmente a francesa J.C Decaux ou a estadunidense Clear Channel).

Na melhor das hipóteses, uma ou duas gigantes brasileiras do setor conseguirão uma fatia da grande superfície para exibir as criativas “peças” de seus empregados.

Com toda a publicidade restrita ao mobiliário urbano, fica mais fácil entender a razão de 200 lixeiras terem brotado do dia para a noite nos 5,4km de calçadas da avenida mais importante da capital.


(clique nas imagens para ampliá-las)

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