Os chefes da quadrilha comemoram, as famílias choram

(ilustração retirada desta apresentação do coletivo Quito Para Todos)

Fevereiro foi o quarto mês consecutivo de recorde na indústria automobilística no Brasil. Assim como aconteceu em novembro, dezembro e janeiro, o mês do carnaval registrou venda de carros acima do ano anterior (14,76% de crescimento). A “famiglia” que mais vendeu armas de destruição em massa foi a Fiat, com 24,7% de participação no mercado nacional.

Mais carros, mais mortes. O carnaval de 2007 registrou um aumento de 15% no número de mortos em estradas federais. Foram 145 mortos em 2417 “acidentes” nos dias de folia. A estatística não inclui os mortos em estradas estaduais e nas cidades.

Segundo esta reportagem, o número de mortos no trânsito em 2004 retornou aos níveis de 1997 (ano que entrou em vigor o novo Código de Trânsito, um dos mais avançados do mundo se fosse cumprido). A cada ano, 35 mil brasileiros morrem em “acidentes” de trânsito. São Paulo, a capital do automóvel, é também a cidade que mais mata no trânsito: cerca de 1200 paulistanos por ano, ou quatro mortos por dia.

O Brasil ocupa a 16ª posição entre 84 países pesquisados no quesito assassinato automobilístico. Os homens, mais afeitos às armas, são as principais vítimas (81,5% do total). Nos finais de semana, momento de diversão e lazer, os óbitos sobem em 72,4% para a população em geral e 1321% entre os jovens.

Nas cidades, a qualidade de vida é cada vez pior. Mais barulho, mais poluição, mais agressividade, mais mortes e mais espaço público roubado para a circulação e estacionamento de propriedades privadas.

A diminuição do uso do automóvel é urgente. Não é mais possível considerar a produção de veículos como sinal de “desenvolvimento”, seu uso como sinal de status e suas propagandas como peças publicitárias infoensivas.

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