Prefeitura aumenta ônibus acima da inflação em SP


Bilhete Único criado na gestão de Marta Suplicy permitiu ao usuário
utilizar mais de um ônibus pagando apenas uma tarifa.

Medidas que lesam o bolso da população sempre aparecem depois de algum feriado prolongado, nos primeiros dias do ano ou no meio de algum evento patriótico como a Copa do Mundo. Foi assim com todos os planos econômicos (Collor, Cruzado, Verão…), com o tradicional aumento de combustível em janeiro e agora com o reajuste na tarifa de ônibus no meio de dois feriados.

Segundo informou a Folha de São Paulo, o segundo aumento de ônibus em menos de três anos de gestão Serra-Kassab será efetivado no próximo domingo (25). A tarifa sobe de R$2,00 para R$2,30, um aumento de 15%, índice que supera a inflação medida pelo IPCA no período (em torno de 7%).

Aumentar a tarifa dos ônibus foi o primeiro ato de José Serra na área dos transportes ao assumir a prefeitura, em março de 2005.

Na época da eleição municipal, José Serra e Marta Suplicy prometeram não aumentar a tarifa e integrar o serviço de ônibus ao sistema de trens e metrô. Naquela época a ex-prefeita havia criado o bem-sucedido Bilhete Único, que permitiu aos cidadãos utilizarem mais de um ônibus no período de duas horas, pagando apenas uma tarifa . Na integração tucano-pefelista o período foi ampliado para três horas.

O aumento de 2005 não foi acompanhado pela prometida integração com os trens, que só aconteceu no início de 2006. Assim a prefeitura acumulou caixa durante quase um ano para, enfim, promover uma pseudo-integração tarifária. Ao contrário da medida implantada por Marta, a integração com o metrô e com os trens é, na verdade, um desconto na tarifa dos dois modais somados, e não a unificação das tarifas.

Trocando em miúdos, o primeiro aumento da era Serra-Kassab em 2005 fez com que a população subsidiasse a integração ônibus+trens metropolitanos, ou melhor, fez com que a população pagasse antecipadamente o desconto que viria a receber um ano depois.

Agora o “caixa” a ser acumulado parece ser político-eleitoral. O reajuste acima da inflação é assumidamente desnecessário, mas visa evitar novos aumentos e o “desgaste” decorrente de tais medidas até a eleição de 2008.

O próximo aumento no transporte em São Paulo deve ser o do metrô. Isso que é integração tarifária! Já as obras de expansão do metrô tiveram o ritmo reduzido com a passagem das eleições. A estação Alto Ipiranga, prevista para ser entregue este ano e já incluída nas placas informativas dos trens só será entregue no ano que vem.

Na próxima terça-feira (21), às 18h, acontece uma reunião de cidadãos e movimentos sociais para discutir estratégias contra o aumento das tarifas. O encontro será na sala 12 da Ação Educativa (r. General Jardim, 660, próximo ao metrô República).

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