Fiat Menos 30 – uma alternativa ao marketing intelectual


Debate intelectual ou marketing corporativo?
Uma dica: procure no cartaz a palavra que aparece com mais destaque.

Na semana passada aconteceu um simpósio chamado “Fiat +30: pensar e experimentar o futuro”. Foi o segundo evento corporativo a ocupar o teatro da PUC-SP em toda sua história: durante as férias letivas de 2004, a TV Globo havia realizado o “Seminário de valorização da produção cultural brasileira”. Parceria PUC Privada…

Acreditando que há vida fora do mercado, que o habitat humano é o planeta Terra, que os carros não são meios de comunicação (mas sim de isolamento), que existem alternativas sustentáveis para a mobilidade e que o futuro deve ser construído, e não comprado, diversos cidadãos organizaram um evento paralelo ao debate corporativo. “Fiat Menos 30 – repensar o presente ou vender o futuro?” aconteceu em frente ao Tuca (teatro da PUC-SP) e no Pátio do Benevides.


Panfleto do “Fiat Menos 30” / arte: Pedalero

(fotos: Gira / clique nas imagens para ampliá-las)


Divulgação na mídia


“Tuca Hall” e “Big Brother PUC”

Do lado de fora, homens-placa usando máscaras anti-poluição conversavam sobre mobilidade, transporte coletivo, bicicleta, e sobre um outro futuro: aquele que rejeita o nomadismo individualista e predatório que é vendido como algo inexorável e necessário de ser comprado.

Mobilidade no futuro e mobilidade no presente.

Um exemplo das soluções corporativas para a mobilidade no futuro: carros individuais, mas de uso público. O cidadão pegaria uma cápsula motorizada em um determinado local e simplesmente deixaria no seu destino para que o próximo motorista pudesse usar.

Tudo gerenciado por uma parafernália tecnológica envolvendo GPSs, rastreadores, travas eletrônicas e atendentes de telemarketing.Esses intelectuais da Fiat, que gente inteligente! Mais ou menos: trata-se apenas da apropriação corporativa de uma idéia bastante antiga, mas de caráter radicalmente oposto.

Em Amsterdam (Holanda) na década de 60, artistas, intelectuais e cidadãos resolveram espalhar bicicletas brancas pela cidade dizendo que elas eram de uso público e não pertenciam a ninguém. As autoridades resolveram colocar em prática a lei da propriedade privada e a polícia tratou de prender qualquer um que estivesse pedalando uma bicicleta branca, acusando os usuários de furto. A ação fazia parte de um movimento que ficou conhecido como Provos e inspirou a música Bicycle Race, do Queen.

No caso das bolhas “públicas” da Fiat, adivinhe quem venderia as cápsulas motorizadas? E será que os carros individuais de uso público seriam gratuitos? E mais: por que elocubrar soluções fantásticas para segregar ainda mais os seres humanos, se é tão simples e muito melhor estimular a convivência através da implantação de meios de transporte coletivo eficientes?


Cartazes utilizados pelos homens-placa

Boas idéias no presente: bicicletário em forma de carro e cartaz

Exibição de vídeos no Pátio do Benevides

O “Fiat Menos 30” terminou no Pátio do Benevides, com a exibição de alguns vídeos das bicicletadas paulistanas, do desenho animado Motormania e do média-metragem Sociedade do Automóvel, um trabalho de conclusão de curso realizado por ex-alunos da PUC que enfoca a cultura do automóvel em São Paulo.

Cartazes e panfleto no disco virtual:

[1], [2], [3], [4], [panfleto]

[vídeo “Fiat Menos 30” – Lilx]

[artigo no jornal PUC Viva sobre o Fiat Menos 30]

Outras pérolas de marketing da Fiat:

[Goebbles, Fiat e o Futuro]

[Não tenho, nem quero ter]

[Aventura no trânsito?]

[Fiat e os ciclistas – vídeo]

Mobilidade é poder andar sem medo pelas ruas da sua cidade
a qualquer hora do dia ou da noite

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